Jogada de Música

Um craque chamado Douglas Germano

sábado, 05 de janeiro de 2019

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Douglas Germano está entre os maiores compositores brasileiros da atualidade e me arrisco a dizer que já escreve seu nome entre os melhores de todos os tempos. Falta só um (re)conhecimento maior de público e crítica. Inventivo, usa a tecnologia, efeitos vocais e sonoplastia quase como um personagem a mais para suas crônicas poético-musicais. As influências de Adoniran Barbosa nas letras e de João Bosco no violão me parecem claras, mas seu estilo tem cor própria. Muito própria. O cara é um apaixonado por futebol e inclui entre suas melhores e mais criativas composições o tema e não erra a meta, matando a bola no peito, driblando e distribuindo o jogo com maestria. Não sei se faz o mesmo no Madrugada Samba e Futebol, time de pelada organizada no qual semanalmente joga ao lado de outro grande craque da música brasileira que também tem várias composições que falam do futebol, Carlinhos Vergueiro.

Comecei a conhecer o trabalho de Douglas Germano em 2015, bem no início das minhas pesquisas que geraram o projeto que dá nome também a esta coluna: Jogada de Música. Na busca pelas músicas que contam, cantam e tocam a História do futebol brasileiro me deparei logo de cara com uma que nunca tinha ouvido falar, muito menos cantar e tocar: “Seu Ferrera e o Parmera”. Pelo título já se vê um toque “adoniraniano”. Mesclando locução esportiva de rádio com a crônica de um torcedor fanático pelo Palmeiras nos seus piores tempos, o do jejum de títulos que durou de 1977 a 1993, Douglas narra todo o ritual do Seu Ferrera para assistir a um fictício jogo contra o XV de Jaú, no antigo estádio Parque Antarctica, calculo que em 1982 (isto porque a escalação, embora bastante plausível, com jogadores que estiveram no Verdão naquele início dos anos 80, não encontrei em nenhuma ficha técnica das partidas daquele tempo).


Esta música, que faz sorrirem de satisfação até os palmeirenses que muito sofreram naquele período de vacas magras, está em seu ótimo CD solo de estreia, chamado Orí, de 2011 (link acima). Antes, em 2009, já havia lançado um CD pelo Duo Moviola, que formava com o multiartista Kiko Dinucci (cantor, compositor, instrumentista, artista plástico e cineasta). As referências ao futebol estão em várias de sua autoria, inclusive no mais recente trabalho, de 2016, chamado “Golpe de Vista” (link abaixo). Neste, Douglas pôs em campo ao menos uma obra-prima chamada “Zeirô, Zeirô”, uma analogia entre uma partida do fictício Cruzeiro da Vila do Calvário e a vida de Jesus Cristo. “Cô di Deux, rapais”, diria Bebeto, o atacante do tetra. Tudo invenção, tudo inventivo, espantoso, surpreendente, visionário como aquela jogada inesperada do craque que antevê o lance decisivo antes de todos e a conclui com um toque genial.




Para saber mais: www.douglasgermano.com.br

PS.: Neste pontapé inicial gostaria de agradecer imensamente a Luiza Carino pelo convite para estar aqui mensalmente, sem me esquecer jamais do espaço que me foi cedido gentil e carinhosamente pela galera do Pop Bola, onde a coluna esteve semanalmente de fevereiro a dezembro do ano passado.  



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