Os destaques musicais do Brasil há 50 anos

Chegamos em fevereiro e, como todo ano, já vamos conhecendo os primeiros grandes sucessos musicais que vão marcar o período de 2022. Embora a qualidade (em alguns casos) e a forma como o sucesso acontece (em outros) seja discutível, os dados são sempre aferidores importantes para sabermos o que o povo de um país anda apreciando musicalmente. 

Como 2022 recém começou esses dados ainda são incipientes. Por isso, hoje proponho voltarmos no tempo, mais exatamente há 50 anos para saber o que era sucesso musical no Brasil. O ano é 1972 e, musicalmente, podemos dividi-lo em  três grandes eixos: principais discos, Festival Internacional da Canção e canções mais executadas. 

No primeiro eixo podemos destacar três álbuns históricos para a MPB: um deles é “Transa”, de Caetano Veloso, lançado em janeiro. Exilado em Londres, Caetano chamou os amigos Jards Macalé, Tutty Moreno, Moacyr Albuquerque e Áureo de Sousa para fazer os arranjos. O disco tem sete faixas sendo a maioria das canções em inglês misturando o rock, com ritmos brasileiros e ainda compassos de reggae (algo inédito na MPB).  

Outro disco icônico lançado em 1972 foi "Clube da Esquina": a parceira de Milton Nascimento, Lô e Marcio Borges, Beto Guedes, Fernando Brant e Ronaldo Bastos. Os mineiros fizeram um disco primoroso, ideia de Milton que insistiu na realização, apesar de sua gravadora não topar inicialmente devido ao anonimato dos demais membros do Clube. O disco saiu e é um coletânea de sucessos como “Cais”, “Nuvem Cigana”, “Um girassol na cor do seu cabelo” e  “Trem azul”.

O terceiro álbum histórico de 1972 é “Acabou Chorare” dos Novos Baianos, uma verdadeira obra prima da música brasileira. Além da fusão de instrumentos como guitarra e cavaquinho, o disco foi um estouro e permaneceu entre os primeiros colocados nas paradas por mais de trinta semanas com destaque para “Preta, Pretinha” e “Brasil Pandeiro”. 

Há 50 anos também ocorria o último grande festival da música brasileira, a FIC organizado pela Rede Globo. Vencido por Jorge Ben com sua empolgante “Fio Maravilha", o festival viu surgir nomes que depois se consagrariam na MPB como Fagner, Belchior, Alceu Valença, Hermeto Pascoal, Renato Teixeira, Paulo César Pinheiro, Rildo Hora, Sergio Sampaio e Raul Seixas.

Mas “Fio Maravilha” não foi um sucesso apenas no festival. Ecoando na boca da torcida do Flamengo, a canção atingiu as rádios brasileiras sendo a segunda canção mais executada naquele ano. A campeã foi um samba-enredo: Ilu-Ayê, samba-enredo da Portela para aquele carnaval, que foi regravada por Clara Nunes em seu disco daquele ano Clara Clarice Clara. Fechando o pódio tivemos “Como vai você”, a balada romântica de Antônio e Mário Marcos que Roberto Carlos deu voz e atingiu o coração dos apaixonados. Para relembrar estes sucessos e conhecer o top-10 da MPB de 1972, acesse o link abaixo e curta o Ponteio deste mês!