Prosa & Samba

O Singelo Menestrel: Os 50 Anos de Dudu Nobre

quinta, 23 de novembro de 2023

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“Grande Festa, Grande Festa no Barraco do Nego João
 Pandeiro, cavaco e viola, sob a luz do lampião” 

João Eduardo de Salles Nobre, nascido no dia 06 de Novembro de 1973, dia de São Leonardo de Noblac, o santo que protege os aprisionados, história deste que se confunde com a vida de milhões e também com a construção social deste menino que conhecemos como Dudu Nobre

De alegria dona Maria chorava
Para o bebê que nascia aquela gente cantava
Mesmo a pouco leite, a pouco pão
Aquele bebê foi crescendo
Vencendo as barreira desse mundo cão

Nascido no Rio de Janeiro, criado em Vila Isabel (RJ), filho do Engenheiro João Nobre e da Sra. Anitta Nobre, aos seis anos de idade, o menino quebrou o estigma e as correntes de que todo menino negro pobre não tem direito de aprender, ele aprendeu a arranhar o cavaquinho e aos sete anos estudou piano clássico.

Crédito: Assessoria do Dudu Nobre

Seduzido pela música, aos nove anos, ganhou o seu fiel companheiro, que literalmente lhe libertou para um mundo novo, o cavaquinho.

Seus pais, observando a aptidão do menino, o colocaram em sintonia com os grandes nomes da música brasileira. Em rodas de samba organizadas por ele, Dudu esteve ao lado de nomes como: Beth Carvalho, Grupo Fundo de Quintal, Jorge Aragão, Nei Lopes, Nelson Cavaquinho entre outros.

Estudou teoria musical com o professor Joaquim Nagler (falecido, contemporâneo e parceiro de Noel Rosa) e aperfeiçoou os estudos sobre o cavaquinho com Henrique Cazes e participou de suas oficinas de chorinho.

Crédito: Assessoria do Dudu Nobre

Ainda pequeno, ele participou das Escolas de Sambas mirins, Alegria da Passarela, pela qual sagrou-se campeão com um samba em parceria com Beto Sem Braço. Passou ainda pelas escolas Império do Futuro, Aprendizes do Salgueiro, Herdeiros da Vila e Estrelinha da Mocidade, como compositor e puxador mirim.

Fascinado por pandeiro, cavaquinho e violão
Com suave sinfonia do piano do patrão

O Jovem Dudu buscava sua evolução, começou a fazer a Faculdade de Direito e conciliando a vida com a música, cursou até o quinto período, mas o seu destino já estava traçado, neste duelo pessoal, entre advogar pelos direitos do povo e alegrar a vida dos mais humildes: a música venceu!  

Aquele neguinho que andava descalço na rua e ao léu
Assoviando Beethoven, Chopin, porém preferindo Noel
Foi assim se transformando num singelo menestrel

Agora que seu caminho estava traçado, ele cai na estrada e trabalha como cavaquinista nas bandas de Almir Guineto, Dicró, Pedrinho da Flor e Zeca Pagodinho, o menino poeta conhece o mundo e acumula bagagem. 

Em 1999, Dudu lança seu primeiro álbum, “Dudu Nobre”, que incluiu as músicas “No mexe mexe, no bole bole” (Dudu Nobre), “Feliz da vida” (Dudu Nobre e Nei Lopes), “Xodó de mãe” (Martinho da Vila e Tião Motorista), “São José de Madureira” (Zeca Pagodinho e Beto Sem Braço), entre outras.

Veio a consagração, o sucesso, a queda e a reconstrução! O samba é um dos movimentos mais criticados entre os “nobres” e mais acolhidos nas periferias dos pais, Dudu como qualquer ser humano sofreu tudo isso e soube se reconectar com o mundo.

Lançou diversos álbuns e cantou grandes sucessos, inclusive fez uma das maiores homenagens ao Carnaval Carioca com o álbum: “Os mais belos sambas enredo de todos os tempos” onde registrou o prestígio pela alma dos morros carioca, afinal o Rio de Janeiro transpira Carnaval. E repetiu a dose com o álbum “Samba de exaltação RJ” em 2022.

Dudu Nobre, pertencente a dinastia dos Nobres sambistas de outrora, pai de quatro filhos (Alicia, João Pedro, Olívia e Thalita) continua pelos caminhos do mundo, escrevendo e cantando suas histórias e neste seu cinquentenário, ele segue deixando um legado que o samba tem poder!

Seja ele…

No barraco ou na favela, pra esquecer o desamor
Escrevendo à luz de vela mais uma canção de amor

Em algum lugar neste país, um jovem beberica desta fonte e sonha…

Viva Dudu, Viva o samba, Axé


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