Ponteio

O samba de Ederaldo Gentil, o samba de Noriel Vilela

sexta, 22 de julho de 2022

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Nesse Brasil imenso onde brotam talentos por todos os lados, muitas vezes ficamos batendo na mesma tecla ou, em nosso caso, muitas vezes, reverenciando os mesmos artistas. Evidentemente que, gênios merecem maior destaque, mas de quando em vez devem ceder espaços para falarmos de artistas que também fizeram belas obras.

É o caso de Ederaldo Gentil. É o caso de Noriel Vilela. Antes de dizer algumas breves palavras sobre ambos, devo confessar que nunca pensei em escrever sobre até chegar uma sugestão de um ouvinte pedindo um programa com esse tema. E confesso que pesquisar é algo que me move. Sendo assim, missão dada, missão cumprida.

Nestas pesquisas relembrei e descobri muita coisa. Primeiramente, o samba baiano de Ederaldo, que integra uma das gerações mais talentosas de músicos vindo daquele estado, que além do próprio, conta com nomes como Edil Pacheco, Nelson Rufino e Batatinha. Antes da música, teve uma passagem curta pelos campos de futebol onde, inclusive, fez dupla com André Catimba, que anos depois viria a se tornar ídolo do Grêmio. Sem sequência nos gramados, Ederaldo passou a se dedicar a música, principalmente ao carnaval. 

Foi compondo samba-enredo que se destacou. Chegou a compor 9 sambas-enredo para escolas diferentes no mesmo ano. Muito tímido, demorou para acreditar em suas músicas, o que só veio acontecer no começo dos anos 70. Com belas obras, teve seu sucesso reconhecido em “O ouro e a madeira”, gravada pelo conjunto Nosso Samba. Além disso, destaco “Barraco”, “Identidade” e “Ladeiras”.

Noriel Vilela era um cantor nato. Reconhecido por seu timbre de baixo profundo, antes de virar artista, foi torneiro mecânico. Nos anos 50 se enveredou pela música. Começou se apresentando nos programas de calouros de Ary Barroso. Em 1960 passou a integrar o conjunto Os Cantores de Ébano, do maestro Nilo Amaro. Formada por negros, a trupe vocal interpretava tanto clássicos da música brasileira, de nomes como Dorival Caymmi, como canções tradicionais americanas. 

Embora tivesse uma voz marcante gravou apenas um disco: “Eis o Ôme” (1969) que contou com os arranjos do Maestro Carioca, e apresentou uma fusão de instrumentos de percussão dos terreiros com guitarras, órgãos e metais, indo do samba da gafieira ao samba rock, da religiosidade africana aos clássicos americanos, em uma estética musical conhecida como sambalanço. O sucesso viria em 1971 com “16 toneladas”, uma versão para “Sixteen Tons”, de MerleTravis, em uma letra que faz uma ode ao samba. Samba que deveria prestar mais homenagens a esses dois brilhantes músicos.

Ouça o Ponteio de Ederaldo Gentil e Noriel Vilela


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