Além da Frequência

O Choro Imortal de Jacob do Bandolim

sábado, 04 de março de 2023

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Músico autodidata que trouxe grande impacto para o choro e considerado um dos pilares da música popular brasileira, Jacob do Bandolim (1918-1979) foi um carioca, filho de pai capixaba e mãe polonesa, e peça fundamental para firmar a presença do bandolim nas rodas de choro.

Divulgação/Instituto Jacob do Bandolim (Redação Veja rio/)

Sua ligação com a música foi desperta desde menino, que ao passar horas a fio em um quarto, este tinha somente a janela como companhia, e foi da sua vista para a rua que Jacob tirou um pouco de suas distrações, e em frente sua casa um senhor francês cego ganhava a vida tocando um velho violino, o que despertou seu fascínio por instrumentos, o que levou a pedir um violino a sua mãe aos 12 anos.

Por falta de instrução, Jacob achou mais fácil dedilhar as cordas do violino como um violão, desprezando o arco, e no lugar da palheta utilizava um grampo de cabelo e mostrava maturidade ao conduzir o instrumento, chegando a atrair os ouvidos de quem passava por sua casa. Ao perceber o talento da criança para a música, uma das amigas de sua mãe o presenteou com seu primeiro bandolim, virando uma chave para a história de Jacob.

Mesmo com total desconhecimento do que fosse uma pauta, Jacob começou a percorrer sua grande trajetória musical, substituindo seu nome de Jacob Pick (sobrenome polonês herdado de sua mãe) para Jacob do Bandolim

Apesar de seu sucesso e aceitação pela burguesia carioca, Jacob viveu toda a vida sob o estigma de ser judeu, forte à época, e também por ser filho de uma prostituta, profissão que era proibida e tolerada.

Jacob decidiu seu caminho como instrumentista pelo bandolim, iniciou sua carreira no rádio em 1934, ao entrar no concurso na Rádio Guanabara sem pretensões profissionais, onde saiu vencedor, e assim, chamado para revezar no programa com o então consagrado conjunto, ‘Gente do Morro’, para o acompanhamento de grandes artistas da época, entre eles Noel Rosa, Lamartine Babo, Augusto Calheiros e afins. Com o sucesso na Rádio Guanabara Jacob passa a ser presença comum em diversas estações de rádios, passando a ter um programa só seu.

Sua imortalidade se faz não só por sua extensa discografia, mas pelo movimento e transformação que causou nas rodas de choro pela boemia carioca, influenciando diversos chorões que proliferaram no país.

Sendo um dos primeiros nomes do choro a gravar com arranjos específicos e a ensaiar com seus músicos, Jacob foi responsável pela criação do conjunto ‘Época de Ouro’ (1966-atualmente), uma das maiores referências do ritmo, e sendo considerado o maior intérprete do bandolim no país. Além disso, o músico tem sua importância também como pesquisador, pelo resgate de muitos chorões que não foram contemporâneos a ele, como Ernesto Nazareth.

Sua discografia em vida ostenta a marca de 52 discos solo e 12 LP’s, obra esta que construiu preocupado com a preservação do melhor da música popular brasileira, além de influenciar uma geração inteira de compositores e intérpretes, tendo suas linhas disseminadas imortalizadas dentro da música brasileira!




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