Vire o Vinil

Na Quarentena, Vire o Vinil - Vol. II - 'Saravah' - Documentário (1969)

segunda, 06 de abril de 2020

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"Filmei ensaios. Eles são melhores que shows". (Pierre Barouh)

A relíquia cinematográfica é carregada de uma visão intimista, dispensando todo o aparato técnico digno das grandes produções, tidos como essenciais para a realização de um bom trabalho. Pierre apostou na simplicidade, verdade e produziu um material histórico em apenas três dias de gravação.

O documentário carrega o nome da versão francesa para "Samba da Bênção" (Baden Powell / Vinicius de Moraes), que fez parte da trilha sonora do filme do diretor Claude Lelouch, "Un Homme Et Une Femme", cantada pelo próprio Pierre, do ano de 1966.

Em "Saravah" as lentes de Pierre conseguiram captar em especial sua paixão pelo Samba e suas origens, onde em uma das cenas mais incríveis, o mestre João da Baiana tocando um prato com uma faca, acompanhado por um Baden Powell totalmente a vontade, fala sobre o candomblé.

Um outro aspecto interessante na abordagem de Pierre é trazer estilos e gerações diferentes, como quem teve o real desejo de reverenciar alguns já icônicos e fundamentais nomes da nossa música, assim como mostrar a música feita por até então jovens e promissores artistas; que Pierre não errou em suas "previsões" e também se tornariam gigantes.

As "locações" são simples e acolhedoras fazendo parecer que de fato se está naquela mesa de bar acompanhado por Clementina de Jesus, Baden e os demais; ouvindo as histórias de Pixinguinha sobre sua visita a Paris ou em outro momento fazendo parte da "Roda de Samba improvisada" conduzida por Paulinho da Viola e uma empolgada Maria Bethânia; onde cantam Sambas como: "Tudo é Ilusão" (Aníbal da Silva / Eden Silva/ Tufic Lauar) , "Minhas Madrugadas" (Candeia / Paulinho da Viola), "Pecadora" (Jair do Cavaquinho / Joãozinho da Pecadora), "Pranto de Poeta" (Nelson Cavaquinho / Guilherme de Brito) e "Coisas do mundo, minha nega" (Paulinho da Viola), sendo este último uma das faixas do álbum homônimo de estreia do sambista carioca, lançado no ano de 1968.

O alicerce da nossa música é negro, por mais que esse fato seja negligenciado por muitos.

Pierre Barouh, um ator e compositor francês, se apaixonou pelo nosso samba, pelas nossas origens, pela nossa gente; e levou essa obra incrível não apenas ao seu país de origem, mas a tantos outros lugares mundo afora. Exagero nenhum ser conhecido por muitos como "embaixador da música brasileira na Europa".

Saravá, Pierre! Saravá!


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