Entrevista

Entrevista Exclusiva: Edu Lobo e suas memórias musicais

Por Cecília Innecco e Caio Andrade

terça, 15 de agosto de 2023

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Entrevistamos este patrimônio da música popular brasileira em comemoração aos seus 80 anos

No cenário musical brasileiro, poucos nomes brilham tão intensamente quanto o de Edu Lobo. Compositor, cantor e músico virtuoso, Edu transcende gerações e fronteiras com sua música rica e emocionalmente carregada. Com uma carreira que se estende por mais de meio século, seu legado musical é um verdadeiro panorama da cultura e história do Brasil, com melodias sofisticadas que ecoam nos ouvidos e corações de todos nós.

Neste mês de agosto, este grande ícone da música brasileira completa 80 anos e em comemoração à data tivemos o privilégio de entrevistá-lo, explorando um pouquinho de suas memórias musicais. Vocês devem imaginar a emoção que foi conseguir falar com um dos maiores gênios da nossa música. Vem dividir essa felicidade com a gente!

IMMuB: Sobre suas primeiras lembranças musicais, qual é a primeira canção que vem a sua mente quando pensa na sua infância e como ela influenciou sua relação com a música?

Edu Lobo: As lembranças que eu tenho ainda criança têm muito a ver com o fato de que minha mãe, que gostava bastante de música, tinha o hábito de comprar o que se chamava na época de álbuns, tanto que o nome permaneceu até os dias de hoje quando alguém se refere a um LP ou CD. E esse nome fazia sentido, porque eram de fato álbuns, com seis discos de 78 rotações que me interessavam bastante, fossem eles de canções brasileiras de Noel Rosa, Dorival Caymmi e Ary Barroso, ou de canções americanas de Gershwin, Cole Porter e Irving Berlin. E, é claro, com os cantores daquela época, como Sílvio Caldas, Orlando Silva e Nelson Gonçalves pro repertório brasileiro e Frank Sinatra, Bing Crosby e Tony Bennett que nos encantavam com as canções americanas.

Eu tinha o hábito de ouvir constantemente todo esse material sonoro, o que acho que foi fundamental para o início da minha formação musical.

IMMuB: Você já disse ser extremamente autocrítico e metódico. Como você pondera o seu fazer artístico hoje? Continua perfeccionista? Isso mais te moveu ou mais te atrapalhou na sua carreira?

Edu Lobo: Eu, sinceramente, não consigo julgar o perfeccionismo como defeito, atraso ou mesmo um tipo de perturbação psicológica. Acho mesmo que o rigor na hora de construir alguma forma de trabalho serve bastante para garantir o nível mais elevado de que o artista seja capaz. Eu nunca tive histórias de momentos de inspiração, quando você é obrigado a correr em busca de uma partitura, ou um simples papel, para que possa anotar uma ideia nova que está surgindo. Devo dizer que eu acredito firmemente na verdade desses fatos, e devo também confessar que invejo muito essa espécie de dom que alguns compositores ou autores possam ter. No meu caso específico, nenhuma frase musical me surgiu do nada, como uma epifania, um milagre, ou algo do tipo. Eu preciso de um instrumento que me ajude a compor, ou seja, eu procuro as canções sempre (mas elas jamais se insinuam).

IMMuB: Ao longo de sua carreira, você compôs verdadeiros hinos da música brasileira. Como é a sensação de ver suas composições se tornando parte da vida das pessoas, evocando memórias e emoções?

Edu Lobo: No meu caso, as canções que não possuem os ingredientes necessários para se tornarem grandes sucessos são as que mais me encantam, porque sabendo que a chance de sucesso é mínima, a sensação de acerto é bem maior. E posso dar a você dois exemplos: "Pra Dizer Adeus", com letra de Torquato Neto, e "Beatriz", com o Chico Buarque, nunca me deram a impressão de serem aceitas por um grande número de pessoas. Especialmente a "Beatriz", que é longa, lírica e impossível de ser tocada em qualquer rádio.

IMMuB: Sabemos que você planeja um novo álbum em comemoração aos 80 anos. O que esperar deste próximo trabalho e o que mais planeja nos próximos meses?

Edu Lobo: Nesse momento, esse álbum já está totalmente gravado, com a participação de Cristóvão Bastos (piano e arranjos),Carlos Malta e Mauro Senise (flautas e saxofones), Paulo Aragão (violão de oito cordas), Kiko Horta (sanfona), Jorge Helder (contrabaixo), Jurim Moreira (bateria) e Marcelo Costa (percussão). Com as participações mais do que especiais do Zé Renato, da Mônica Salmaso, da Vanessa Moreno e de Ayrton Montarroyos. Agora, vem a fase das mixagens, masterização e o álbum deverá ser lançado em Outubro. E faremos duas apresentações nos dias 8 de Novembro na Sala Cecília Meirelles e no dia 10 de Novembro no Teatro B32, em São Paulo. Nessas duas apresentações teremos o mesmo grupo das doze pessoas que eu mencionei acima.

IMMuB: O IMMuB se dedica a preservar a memória musical brasileira. Gostaríamos de saber a sua opinião sobre o papel da música na propagação de nossa identidade cultural e memória. 

Edu Lobo: Olhe, o nosso país é considerado pela maioria das pessoas como um lugar do mundo que não se preocupa com a memória. Sendo assim, acho fundamental que vocês ajudem, do jeito que for possível, a preservar a memória musical de um país tão rico em ritmos, rimas e sons. 

Nana Moraes/Divulgacao

Não temos como agradecer a esse mestre por compartilhar suas reflexões sobre a memória musical brasileira e as emoções que ela desperta conosco. A contribuição de Edu Lobo para nossa cultura é inestimável e continuará a enriquecer as vidas das gerações futuras.

O nosso muito obrigada também ao Marco de Almeida, Produtor Executivo da MDA International, que intermediou gentilmente esse encontro.

Desejamos um Feliz Aniversário e muitos anos mais de vida a esse grande gênio da MPB!


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