Música

Cecilia Beraba interpreta canções de Jorge Mautner em novo disco

Álbum de regravações conta com participação do autor na música "Salto no Escuro”

terça, 15 de fevereiro de 2022

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A cantora e compositora carioca Cecília Beraba encerra suas homenagens pelos oitenta anos do mestre e parceiro musical Jorge Mautner com o disco "Só o Amor pode Matar o Medo". Mautner gravou de casa sua participação na música “Salto no Escuro” que ele compôs nos anos 70.

 Cecília tem mais de trinta músicas em parceira com Mautner. Algumas delas compuseram seu álbum anterior “Eterno Meio Dia”, lançado em março último. Apesar da grande diferença de idade, se identificaram na arte. “A música une aquilo que o tempo tão rigidamente separou”, diz a cantora, relembrando a tradução que Mautner fez de um trecho da 9a sinfonia de Beethoven e que foi o título de um show que os dois fizeram juntos em 2019 . 

Sobre ela, Mautner diz:

"Uma artista que tem o dom de transmitir a eterna necessidade do amor em sua voz quando canta de maneira contagiante e fascinante.
Ela é uma estrela faiscante
A beleza da maravilha que jamais se acaba
Cecília Beraba."

A reclusão forçada pela pandemia foi profícua para a carreira de Cecilia e para sua parceria com Mautner. Em agosto, os dois regravaram “Não, Não , Não”, um grito de protesto contra todas formas de injustiça, que ele compôs no começo da ditadura militar, e que infelizmente ainda soa extremamente atual . 

Em dezembro, ela lançou o single “Ressurreições”, como um abre alas do disco que chega as plataformas digitais três dias antes de Jorge completar 81 anos de vida e 60 anos de carreira artística/literária, que começou com o livro Deus da Chuva e da Morte, vencedor do Prêmio Jabuti em 1962.


Cecilia diz que escolheu as musicas que compõem o novo disco pelo o fator surpresa das letras e melodias. “Queria aquela força poética estonteante, surpreendente, que é tão característica da obra do Jorge. Fui escolhendo, dentre as mais diversas fases, as canções que mais me causam fascínio-espanto. “Olhar Bestial”, “Menino Carnavalesco”  e “Chuva Princesa” por exemplo, fazem parte do período expressionista Mautneriano, em que ele compunha com o bandolim, e que mostram a prevalência da emoção e do instinto sobre o obvio racional”.

Ela conta que buscou também o amor romântico nas lentes inusitadas de Mautner “que carregam Dostoyevski, Brecht, Gogol, Bachelard, Noel Rosa, Goethe, Heráclito, os poetas persas, Safo, Freud e a amalgama Brasil dentro de sua perspectiva”. O disco reúne canções que ele escreveu ao longo de mais de meio século. “Sheridan Square”, uma das faixas, foi composta nos anos 60, quando estava exilado nos Estados Unidos. “Ressurreições”, faixa que da nome ao disco, é parte do penúltimo álbum de Jorge, "Revirão", de 2006.

“Além da força literária, as músicas escolhidas refletem a potência e a variedade musical de Mautner. O disco traz rock, tango, ska, samba, balada e gafieira. Melodias muito fortes acompanham as palavras de igual intensidade”, acrescenta a cantora.

O disco foi todo gravado de forma remota durante a pandemia. Além do próprio Mautner, o Kid Abelha George Israel também participa, acrescentando seu vibrante sax na canção “Diamante Costurado no Umbigo”. Cecilia, que assina a produção do disco, coordenou de casa as operações dos músicos Aquiles Moraes (trompetes), Antônio Guerra (piano) e Glauber Seixas (violão e guitarra) além das guitarras de Regis Damasceno e bateria de Thomas Harres. A mixagem e masterização são de Léo Moreira. 

A capa traz uma foto antiga de Mautner que é do acervo de Nelson Motta, guardado pelo MIS. A autoria da fotografia é desconhecida. A foto sobreposta de Cecília foi tirada por Daniel Lobo. Já a arte é obra de Bruna Vieira e João Tolentino. 

Explore a Ficha Técnica (aqui)


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