Supersônicas

“Omindá” – a afro sinfonia planetária de André Abujamra

quarta, 02 de maio de 2018

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Revelado no duo iconoclasta Os Mulheres Negras, em meados dos anos 80, ao lado de Mauricio Pereira, o multiartista paulistano André Abujamra troca o habitual humor sarcástico de seu estilo pela grandiloqüência de Omindá – a união das almas do mundo pela água (Independente).

O gigantesco projeto (lançado nas plataformas digitais, disco, shows, clipes, mais um filme em processo), uma ecumênica opera afro sinfônica, inspirada no candomblé, produzida por ele e o baixista Sergio Soffiatti, tomou onze anos do músico, que a financiou com sua produção de trilhas sonoras.

“Omindá”, que, em ioruba conjuga as palavras “Omin” (água) e “Da” (alma), representando “a celebração da diversidade e da comunhão pela arte”, envolveu gravações e filmagens em 13 países. São canções que viajam do contundente batidão rapeado (pelo lisboeta Xis) de “Leviatã” (“tem morte na água/ destrói o planeta/ avalanche na alma/ o mundo é forte/ o homem é fraco”) à etérea “Suíte Omindá”, com a Filarmônica de Praga, da República Tcheca.

O lendário coro O Mistério das Vozes Búlgaras, de Sofia, também integra o périplo de sotaques e sonoridades, que tem ainda os beduínos Salim Eid e Abdala Dafuallh, da Jordânia (oud e voz), Rishab Prasana (flauta bansur) de Nova Déli, Índia, Oki Kano (voz e tonkori) do Monte Fuji, Japão, a atriz portuguesa Maria de Medeiros (vocal), gravada na região lusa de Sesimbra, e Sasha Vista (voz), co-autor de “Ocean toys” com o solista, em Moscou, Rússia.

No ebuliente “Xangô parô” (“o tempo não passa/ o tempo não existe”) unem-se as vozes co-autoras da composição, do uruguaio Martin Buscaglia, dos paulistas Mauricio Pereira e Anelis Assumpção, mais a guitarra baiana e o vocal do argentino Mintcho Garramone.

Nem todas as faixas são assinadas por Abujamra. “Saudade”, do paulista Peri Pane, tem versões em francês (Zaza Fournier) e farsi (Flavio Rassekh). A bem orquestrada babel de Abujamra – que resplandece a cada audição - abriga ainda participações da paulista Trupe Chá de Boldo, do carioca Paulinho Moska, do santista Theo Werneck, e a kora (harpa-alaúde de 21 cordas) de Ballaké Sissoko, de Bamako, Mali, África, parceiro da família (André, José e Pedro Abujamra) na deslizante “Lagrimar”: “a onda do mar/ nasce cresce, morre e vira lágrima”.


Fonte da imagem: Flertaí  | Capa do álbum "Omindá - a união das almas do mundo pela água" (Divulgação / Fotos: Mustafa Seven)

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