Cultura

‘Lado C’ narra a trajetória de Caetano Veloso até a reinvenção com a bandaCê

sexta, 22 de julho de 2022

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Muito se conhece – e se fala – sobre o Caetano Veloso das palavras, o grande letrista, entre os maiores da história da MPB. A roupagem sonora que embala a desconcertante poesia do autor, porém, não é tão lembrada quando se avalia sua obra. Não que seja menos importante. Caetano é um músico incomum e antenado no resultado de seu trabalho, em que forma e conteúdo são indissociáveis. "Lado C", que chega às livrarias no dia 29 de julho, narra justamente a sonoridade buscada por Caetano desde o início de sua carreira, com destaque para a virada radical com a BandaCê, power trio que montou em 2006 com músicos 30 anos mais jovens. Em um período de dez anos, foram três discos de canções inéditas, outros três ao vivo e grandes turnês que rodaram o Brasil e o mundo. 

Lado C - Caetano, Moreno Veloso e banda Cê - gravação Cê. Crédito Giovana Chanley

Escrito pelos pesquisadores Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes, Lado C narra os caminhos que levaram Caetano a essa surpreendente aventura musical. A partir de informações inéditas, os autores contam os bastidores das gravações e o processo criativo de cada disco da trilogia, que culminou em "Abraçaço". Eles mostram ainda a relação controversa de Caetano com a imprensa nesse período, detalhes do convívio com sua equipe e a as experiências e parcerias com artistas de diferentes gerações, incluindo os próprios filhos.  

– Esse é um período mais recente e pouco comentado da carreira de Caetano, mas que sem dúvida é um dos mais ricos. Ele se reinventou e renovou seu público – observa Tito.  

Além de pesquisar centenas de reportagens, vídeos e discos, os autores entrevistaram mais de 40 personagens fundamentais dessa história. Começando pelo próprio Caetano e os três integrantes da bandaCê, Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado. Ouviram ainda nomes de diferentes fases, como Jards Macalé, Arnaldo Brandão, Vinicius Cantuária, Arto Lindsay (que tam bém assina a orelha de Lado C), Jaques Morelenbaum, Moreno Veloso, Kassin, Rodrigo Amarante, além de produtores, técnicos e amigos do compositor. 

– Embora o período com a bandaCê seja o assunto principal do livro, é impossível fazer esse recorte sem contextualizar toda a carreira artística de Caetano até os dias de hoje. Tudo em sua obra está interligado – diz Luiz Felipe. 

"Lado C" traz ainda dezenas de fotos do acervo dos músicos da bandaCê e de pessoas próximas a Caetano. O resultado é um documento valioso não só para fãs, mas também para apaixonados pela Música Popular Brasileira. O livro chega aos principais sites e livrarias do país a partir do dia 29 de julho, com lançamento simultâneo em e-book em mais de 20 plataformas digitais. 

LANÇAMENTO e NOITE DE AUTÓGRAFOS  
Quinta-feira 11 de agosto,  a partir das 19h, na Livraria  da Travessa de Ipanema (Rua  Visconde de Pirajá 578) 

FICHA TÉCNICA 
Título: Lado C - A trajetória musical de Caetano Veloso até a reinvenção com a bandaCê 
Autor: Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes 
Editora: Máquina de Livros 
Preços: R$ 62,90 (impresso) e R$ 42 (e-book) 
Páginas: 256 
Gênero: Música



ALGUMAS CURIOSIDADES DO LIVRO: 
Disco clandestino – Em 2002, Caetano confidenciou ao guitarrista Pedro Sá que tinha vontade de fazer um disco  “clandestino”, que não levaria seu nome e teria sua voz modificada eletronicamente. Anos depois, o cantor ama dureceu a ideia, mas decidiu assinar o novo trabalho, que seria uma reinvenção de sua imagem. Os dois convoca ram Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado, e assim nascia a bandaCê. 

Encontro com Milton – As gravações de Cê foram feitas no mais absoluto sigilo. Milton Nascimento, sem saber  de nada, telefonou para o estúdio procurando um técnico. Um ruído de comunicação fez a ligação ser direciona da para Caetano, que resolveu convidá-lo para uma visita no dia seguinte. Milton ouviu uma prévia do disco em  primeiríssima mão e o amigo quis saber o que achou. “Mas que pergunta, Caetano…”, respondeu. 

Novo público – A estreia da fase Cê aconteceu no Tim Festival, quase por acaso. Caetano e o trio foram cha mados apenas cinco dias antes do evento para ocupar um dos palcos que estava com baixa procura de público.  No show, foram apresentadas as 12 faixas inéditas do disco Cê e apenas três sucessos. Resultado: uma plateia de  novos fãs fez coro em todas as músicas. 

Musa desmentida – Por causa da faixa Um sonho, Caetano foi parar nas colunas de fofoca. A atriz Luana Piovani  usou seu blog na época para contar que a canção tinha sido feita para ela. Só que o compositor a desmentiu, o que  levou a atriz a apelidá-lo de “Banana de Pijama”.  

Ronaldo e travestis – Caetano aproveitou a temporada Obra em progresso, em que testava no palco músicas que  pretendia gravar no segundo disco com a bandaCê, para comentar notícias dos jornais. Quando o jogador Ronal do foi acusado de não ter pago um programa com travestis em um motel do Rio, ele resgatou a obscura canção  Três travestis, que havia composto nos anos 1980. Mas a plateia gargalhou tanto que Caetano precisou interrom per e recomeçar. Semanas depois Ronaldo prestigiou o show, mas a música foi cortada do setlist. 

Protesto de fãs – A nova sonoridade de Caetano com a bandaCê decepcionou algumas pessoas. Depois de uma  apresentação na Dinamarca, uma produtora local foi até o camarim e cobrou a ausência de “músicas bonitas”,  como Sozinho e O leãozinho. A resposta foi um dos famosos gestos de irritação de Caetano: “Música bonita é o  que eu estou fazendo agora! Você é chata! Vai embora daqui, sua chaaaaaaata!!!”. 

Reencontro com tropicalista – Durante as gravações de Abraçaço, Caetano se reencontrou com Rogério Duar te, que fez parte do movimento tropicalista. Quando o disco estava quase pronto, Caetano recebeu dele a música  Hino gay. Mas antes que o álbum saísse, Rogério pediu que o amigo trocasse o título para Gayana, como a canção  foi creditada. 

Primeira banda – Antes de formar a bandaCê, Caetano já havia experimentado grupos enxutos. O primeiro  deles foi para o disco Transa, gravado no exílio londrino em fins de 1971. Ele convocou Jards Macalé e mais três  músicos, que trabalharam nos arranjos das canções. O lançamento do LP marcou o seu retorno ao Brasil em  1972, com shows históricos no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Salvador. Ainda nos anos 1970 e 1980, Caetano  montaria outros dois grupos: A Outra Banda da Terra e Banda Nova. 



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