Garota FM

Herbert Vianna celebra 60 anos de idade e 20 de sua nova vida (seu ‘novo normal’)

sábado, 08 de maio de 2021

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Todos temos reclamado de passar nossos aniversários em isolamento. Este ano, Herbert Vianna completou dois aniversários com data redonda sem poder fazer festa: no dia 4 de maio, ele celebrou seus 60 anos; três meses antes, sua nova vida fez 20. O vocalista e guitarrista dos Paralamas do Sucesso nasceu em 1961, em João Pessoa, Paraíba, e quase morreu em 4 de fevereiro de 2001, em um um acidente aéreo em Mangaratiba, Rio de Janeiro. Eu era estagiária na rádio JB FM quando a notícia se espalhou, e fui uma das que precisou redigir o triste texto que faria o locutor contar a todos que a eposa do músico, Lucy, havia morrido e ele sobreviveu, mas estava em coma. 

Um ano e cinco meses depois, eu já estagiária no extinto portal GloboNews.com, acompanhava o crítico de música Jamari França em uma cobertura de gravação de um DVD quando seu telefone tocou. Era a assessora de imprensa da banda que ele biografava avisando que Herbert Vianna faria sua segunda aparição em um palco depois do longo período de recuperação. Largamos tudo, pegamos um táxi e viajamos da Zona Oeste para a Sul, rumo ao falecido Ballroom, casa de shows de médio porte no Humaitá que adorávamos, porque recebia muitas bandas pequenas de grandes artistas. Naquela noite, apresentaria-se a Reggae B, que era liderada pelo baixista dos Paralamas, Bi Ribeiro.

Chegamos e penamos um bocado até conseguir furar aquela fila enorme e ávida por uma noite de reggae (ah, que saudade dos shows!). Furar fila não é nada legal (fica a dica nesses tempos de vacinação!), mas era preciso que o biógrafo chegasse a tempo de ver seus biografados se reunirem novamente e conferir a atuação do homem que fez os amantes do rock chorarem no ano anterior e, um mês antes, havia cantado no show do argentino Fito Paez no também extinto Canecão. O compositor subiu ao palco já de madrugada – o show havia começado à meia-noite e Herbert foi convidado na segunda metade dele – e a plateia foi ao delírio. 

Herbert entrou em sua cadeira de rodas, amparado por roadies que o ajudaram a empunhar a guitarra. Acompanhado da banda, se não me falha a memória, cantou uma música do UB40. Depois, Lulu Santos foi convidado a chegar junto e todos apresentaram “Assaltaram a gramática”, composição de Lulu que os Paralamas gravaram nos anos 1980. Além de Bi Ribeiro, estavam no palco o tecladista João Fera e o trompetista Bidu, ambos parte da banda de apoio dos Paralamas do Sucesso. Faltava só o baterista João Barone, que estava viajando.

Acabei acompanhando a reta final da escrita da biografia “Os Paralamas do Sucesso: vamo batê lata”, afinal, ainda trabalhei por mais alguns meses, até eu me formar, ao lado de Jamari França (fomos absorvidos pelo O Globo Online nos meus últimos momentos lá). Em 2003, voltei ao prédio das Organizações Globo – onde voltaria a trabalhar em breve – e entrevistei o crítico para um artigo que escrevi, sobre o lançamento do livro. Jamari acompanhou a banda, anotando tudo, desde seu início, em 1983. O mesmo fez Roberto Berliner, diretor do documentário “Os quatro Paralamas”, só que com uma câmera na mão. 

Disponível no Netflix, o filme conta a história da banda, da amizade do trio e do quarto elemento que não aparece nos palcos, José Fortes, empresário desde que tudo começou. Assisti ao filme recentemente e me emocionei de novo ao ver Herbert recomeçando sua história na música depois de seu renascimento. Eu comecei a acompanhar a banda ainda criança, mas dei mais valor depois do livro e do filme, duas peças fundamentais para a manutenção da memória paralâmica. O livro me fez conhecer melhor a história e o filme, reconhecê-la e relembrar meu encontro com aquele novo Herbert

Que esses aniversários tenham sido de pura celebração para Herbert e que os próximos sejam em liberdade, afinal, em 2022, fará 20 anos que Herbert Vianna passou a viver seu “novo normal”.

Chris Fucaldo

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