Supersônicas

Em “Chorando sete cores”, o novaiorquino Benji Kaplan entrelaça clássicos e MPB

sexta, 06 de abril de 2018

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Filho de pai cubano com ascendência russa judaica e mãe austríaca, o novaiorquino Benji Kaplan começou a interessar-se por violão aos 11 anos, numa casa onde ouvia todo tipo de música de seus ancestrais, e ainda discos brasileiros de Clara Nunes, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Hermeto Pascoal e Canhoto da Paraíba. Aos 17 anos, fez sua primeira viagem ao Brasil, para adquirir “um entendimento espiritual dessa música em seu coração”. Na volta, ingressou na Universidade New School, em Manhattan, onde estudou e tocou com jazzistas como Benny Powell, Buster Williams, Rodney Jones. Aos 18 anos, um disco de Guinga numa loja de Manhattan provocou uma profunda mudança em sua paisagem musical. Através dos diferentes caminhos propostos por suas influencias e o estudo da MPB, ele chegou ao álbum Chorando sete cores (Big Apple Batucada Records), que veio lançar no Brasil.

Em suas 13 faixas, a música brasileira ganha o colorido timbrístico do pássaro nativo Saíra-Sete-Cores, pousado em seu ombro, nas ilustrações de Rita Figueiredo e Vera Kaplan, com roupagem erudita, flambada no neoclássico romântico, barroco e impressionismo. Totalmente instrumental e autoral, o disco costura o violão (e arranjos) de Kaplan às flautas transversais e em dó de Anne Drummond, o clarinete e clarone de Remy Le Boef e a trompa de David Byrd-Marrow. O violão despe seu protagonismo e funde-se aos sopros numa jornada que perpassa ritmos como samba, choro, maracatu, baião, valsa, bolero e maxixe. Miscigenam-se imagens brasileiras (“Canção de ninar”, “Trenzinho pra Lapa”, “Coisa carioca”, “Samba for Django”, “Chorando sete cores”) e americanas (“At the Vanguard”, o notório clube de jazz, “Bryant Park”, “Leaves in the wind”, “Familiar strangers”, “Happy sadness” e até “A trickster’s bolero”), num moto continuo de atalhos em arranjos elaborados que evidenciam o calibre dos músicos.

“Neste disco procurei expandir os limites dos instrumentos, explorando não apenas texturas e possibilidades harmônicas, como também grooves e ritmos”, decupa Benji.

Mesmo sem percussão ou instrumentação típica do choro, “há momentos em que se ouve a batida de um cavaquinho ou bandolim, tocado pelo quinteto de sopros”, imagina ele, ancorado especialmente nos redemoinhos intrincados – e belos – da faixa título “Chorando sete cores”. Mas o disco todo é repleto de soluções sonoras inesperadas, desaguadouros, deltas e estuários, que levam a caminhos ainda inexplorados, sem pausas para as muletas dos clichês. Benji já fez várias colaborações com artistas brasileiros como Makely Ka, Sergio Krakowski, Luiz Simas e Pedro Dias Carneiro.  


Fonte da imagem: Napster | Capa do álbum "Chorando Sete Cores" (Divulgação)



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