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Walter Alfaiate, botafoguense e botafoguista

terça, 23 de outubro de 2018

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Ele nasceu em Botafogo, seu bairro e time do coração. “Meu Botafogo querido/Tudo em ti é real”, como diz o samba. Mas adorava viver e bater pernas em Copacabana (sua alfaiataria era ali, na Galeria Ritz, e o seu bar preferido também era o bom e velho Bip-Bip, na Almirante Gonçalves) e se apresentar na Lapa, especialmente no Carioca da Gema.

Cantor e compositor, nascido e criado em botafogo, bairro pelo qual era apaixonado, Walter Alfaiate (1930-2010) foi um grande intérprete de sambas, time e do gabarito de Ciro Monteiro e de Roberto Silva. O seu último disco chama-se Tributo a Mauro Duarte – produzido por Ruy Quaresma, saiu pelo selo CPC –, onde o incansável magnata supremo da elegância rende homenagem a um velho amigo de batalhas e de juventude, Mauro Duarte (1930-1989), o mineiro mais carioca que Botafogo já hospedou.

O CD primeirão, Olhaí, veio à luz quando Walter beirava os 70 anos, graças ao empenho pessoal dos compositores Marco Aurélio e Aldir Blanc, que criaram um selo (Alma) para viabilizar a façanha. Aldir ainda fez, juntamente com Paulinho da Viola, o samba carro-chefe Botafogo chão de estrelas para o ferrenho botafoguense (do time) e botafoguista (do bairro):


Quando o Paraíso das Cabrochas
De Seu Oswaldo Tintureiro
Desfilou e abriu o mar 
(...)
No mar, que também é quizumbeiro
Morreu assassinado o Matinada
Nas confusões que vestem fevereiro...


Naquela ressaca carnavalesca de 2010, em meio às “confusões que vestem fevereiro”,  a música brasileira, que ainda se refazia da perda de Luiz Carlos da Vila, perdeu um grande craque. 

Mas “Sacode, Carola” (*), que a luta continua.


(*) Esse samba, eternizado na voz de Ciro Monteiro, que também ganhou bonita regravação de Leila Pinheiro, era o prato de resistência preferido de Walter Alfaiate em todas as rodas de samba das quais participava.

                                                     


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