Supersônicas

“Tudo novamente”, do às das sete cordas, Fernando Cesar, recicla o Regional

por Tárik de Souza

quinta, 18 de janeiro de 2018

Compartilhar:

Nascido no Rio, bisneto de seresteiro, neto de trompetista e mestre de banda, sobrinho de saxofonista e filho de violonista, o 7 cordas Fernando César Vasconcelos Mendes foi criado em Brasília, a partir dos seis anos. Aos 11, formou na Capital Federal, em 1981, com o irmão, o bandolinista Hamilton de Holanda, o Dois de Ouro, que gravou três CDs, participou de concertos da Orquestra Sinfônica de Brasília e excursionou pela França, Áustria, Turquia e África do Sul.

Fernando Cesar também integrou o grupo Choro Livre, com o qual gravou dois discos e participou dos projetos do Clube do Choro de Brasília, “Ernesto Nazareth, pai do choro moderno” (2001), “Caindo no choro” (2002) e “Tributo a Garoto” (2003), acompanhando músicos como Hermeto Pascoal, Wagner Tiso, Paulo Moura, Armandinho Macedo, Altamiro Carrilho, Dominguinhos, Carlos Malta, Joel Nascimento e Sivuca. Integrante também do Choro & Companhia, em 2006, formou ainda o conjunto que gravou a homenagem ao grande bandolinista pernambucano, “AQuattro toca Luperce Miranda”.

Com toda essa bagagem, e ainda a atividade de professor de violão da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, de Brasília, que coordenou de 2004 a 2010, ele desembarca o CD Tudo novamente (Independente). Assina-se Fernando César & Regional, ladeado por Junior Ferreira (acordeon), Pedro Vasconcellos (cavaquinho), Thanise Silva (flauta e flauta em sol) e Valerinho Xavier (pandeiro, triângulo, zabumba, caixeta e reco-reco). A eles se juntam ainda os convidados Eduardo Belo (baixo acústico) e Vinicius Magalhães (violão).


“Cresci ouvindo dizer que o choro ia morrer e não entendia o porquê. Era criança e aquele discurso no cenho franzido e desesperançado de alguém que dava conta desse fim, não fazia sentido”, desabafa Fernando no encarte. E propõe: “um Regional de Choro inspirado naqueles que, por um bom tempo, foram o alicerce das rádios brasileiras, tudo novamente!”.

Os próprios autores escrevem sobre suas composições no encarte, como Rafael dos Anjos, que diz ter feito “’D’Angola no choro’ dentro da ótica de Waldir Azevedo, com uma harmonia de choro e uma pitada de modernidade”, e “Felicidade”, “com o espírito das polcas do Pixinguinha e do Jacob do Bandolim”. No cardápio do disco também há valsa (“Rebento”, de Fernando, dedicado ao primogênito, Bento), xote (“Triunfando”, de Marcos Cesar e João Lyra, para a cidade de Triunfo) e o frevo “Nafrenavo”, de Hamilton de Holanda, “em homenagem ao grande Naná Vasconcelos - o nome é uma brincadeira com as palavras Naná e frevo”. Hamilton forneceu para o irmão ainda o “Maxixe do Cesar” (“o violão 7 cordas foi a referência”), escreveu com ele o samba choro “Chuva”, enquanto outro 7 cordas de estirpe, Rogério Caetano, mandava o acendrado “Vai ou racha”, “originalmente um ‘choro varandão’. Influenciado pelo mestre Dominguinhos, passei a tocá-la  como um ‘choro forrozão’”. Hibridismos que só reafirmam a tradição. 

Comentários

Divulgue seu lançamento