Supersônicas

“Rueira”, de Marina Iris, revela a parceria original de Rodrigo Lessa e Manu da Cuíca

segunda, 05 de março de 2018

Compartilhar:

Militante do novo samba carioca, que se move entre a Lapa e a Gamboa, com atuações em casas tradicionais da região como Centro Cultural Carioca, Rio Scenarium, Carioca da Gema, Semente, Bola Preta, a cantora Marina Iris lança seu disco, não por acaso intitulado Rueira (Biscoito Fino). Ele foi produzido em conjunto com outro ás do pedaço, o multi-instrumentista, compositor e arranjador Rodrigo Lessa (Nó em Pingo D’Água, Orquestra de Cordas Brasileiras, Pagode Jazz Sardinhas Band) e a percussionista e letrista Manu da Cuíca (Simpatia é Quase Amor, revelada no lendário bar Bip Bip, de Copacabana), a dupla que assina todas as composições.

O disco reúne “a força de Mãe África, a luz de Cesaria Évora e a emoção de Dolores (Duran)”, como definiu no encarte outra cantora “rueira”, Áurea Martins. “Este CD nos dá arte e alegria, graças aos deuses das encruzas, quintais e butecos (com u), onde o samba come e nos alimenta”, sapecou, entre saudáveis imprecações, o mestre Aldir Blanc.

“O disco te afaga ou te queima. Se é falta de carinho, ele te cura com um fogo incontrolável e devastador. Se você quer briga, ele te alisa e desmonta. Flerta com a decadência e a ingenuidade, tal qual nossa vida brasileira”, sentenciou o músico Leandro Braga.

Não é um disco de samba, embora o gênero pontifique, entre metais rasgados, em “Avenida réveillon” (“tudo começa agora/ na Sidra e no Chandon/ quem vem não vai embora/ de Londres, do Lins, do Leblon”), “Cabeça de porco” (“e quando for na água/ tem que ir pro fundo/ parecer de casa/ e entender do mundo”) e “Rueira”(“Vira-lata indignada/ sou beira de calçada/ eu sou arquibancada sem setor/ madrugada, samba e amor”). Também tem a pontiaguda “Copacabana, a valsa” (“entre a Galeria Alaska e o Beco das Garrafas/ passa o metrô/ que leva pro show na praia/ a gente se esmigalha entre os camelôs”) e a funkiada “Princesinha underline 86” (“Tem peguete, tem também ficante/ joga futevôlei na Constante/ pega light no refrigerante/ tem sua amiga colorida”), do mesmo bairro onde reside, e que considera “a Madureira à beira mar”. E além da afro, “Gingalíngua” (“quem toma cachaça/ quem puxa cachimbo/ quem mexe maxixe/ faz dengo na boca do banto”) rola a melíflua “Meio a meio”, de uma cama dividida entre mulheres, em dueto com Zélia Duncan. Na denuncia à perseguição das religiões afro brasileiras em “De branco”, fica o alerta: “Mas voz de mandingueiro/ ninguém cala, desde os tempos da senzala”.   


Fonte da imagem: Facebook Biscoito Fino | Capa do álbum "Rueira"


Comentários

Divulgue seu lançamento