Tema do Mês

Roberto Carlos 80: As mensagens religiosas

CAPÍTULO 2

terça, 13 de abril de 2021

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Para celebrar os 80 anos de Roberto Carlos, completados no dia 19 de abril, o IMMuB vem produzindo uma série especial de artigos com playlists comentadas sobre algumas canções temáticas que o Rei produziu ao longo de sua carreira. 

Neste segundo capítulo, vamos relembrar 15 faixas religiosas que Roberto lançou em profusão desde o ano de 1970, todas feitas em parceria com Erasmo Carlos. São canções que falam de Deus, Jesus, Nossa Senhora ou da fé em geral, explorando os mais diversos gêneros musicais. Muitas delas se tornaram clássicos do nosso cancioneiro popular e outras merecem ser relembradas por quem gosta do estilo ou simplesmente por quem é fã de Roberto

Confira logo abaixo. 

"Jesus Cristo” (1970)

Hoje pode ser estranho imaginar que uma canção religiosa de Roberto Carlos tenha causado polêmica e indignação. Mas foi exatamente o que aconteceu com “Jesus Cristo”, primeira canção explicitamente religiosa gravada pelo Rei. Inspirada no cancioneiro gospel norte-americano e nas canções de espetáculos musicais da época, como “Hair” e “Jesus Cristo Superstar”, a música fala na figura de Jesus em ritmo de soul music, algo ainda pouco comum no Brasil daquela época. O fato de misturar um tema tão “sagrado” com uma linguagem tão popular e “mundana” chocou setores conservadores e religiosos da sociedade brasileira, e a polêmica dominou os jornais na época. O deputado Newton Carneiro, por exemplo, chegou a pedir que a música fosse censurada e que Roberto fosse enquadrado na Lei de Segurança Nacional. 

Mesmo assim, “Jesus Cristo” foi uma das músicas mais tocadas na virada de 1970 para 1971 e se tornou um clássico imbatível da carreira de Roberto Carlos, até hoje entoada como grand finale dos seus espetáculos. 


Todos Estão Surdos” (1971)

Possivelmente para evitar novas polêmicas, Roberto passou anos evitando usar o nome de Jesus Cristo em suas músicas religiosas. Em 1971, por exemplo, na faixa “Todos Estão Surdos”, ele o trata apenas como “meu amigo”. Também influenciada pela soul music e bem de acordo ao ideário hippie e pacifista da época, a letra quase falada é um pedido de “paz e amor” ao mundo: “Não importam os motivos da guerra/ A paz ainda é mais importante que eles”. 


A Montanha” (1972)

A gratidão é o tema da mensagem religiosa lançada no LP de 1972. Diferentemente do que aconteceu com “Jesus Cristo” dois anos antes, dessa vez quem se incomodou com a música foi a intelectualidade politizada da época, que considerou os versos da música muito conformistas com a situação caótica do mundo naquele início de década: “Por mais que eu sofra/ Obrigado Senhor, mesmo que eu chore/ Obrigado Senhor por eu saber/ Que tudo isso me mostra o caminho que leva a Você”. 


O Homem” (1973)

De tom mais austero e dramático que as canções anteriores, “O Homem” também evita falar no nome de Jesus, mas traz versos fortes em um refrão marcante: “Tudo que aqui Ele deixou/ Não passou e vai sempre existir/ Flores nos lugares que pisou/ E o caminho certo pra seguir”. 


” (1978)

Com um arranjo balançado de big band, a mensagem religiosa do disco de 1978 não fala diretamente em Deus ou Jesus, mas sim de um sentimento de fé que traz esperança e força para seguir. Uma música religiosa que pode ser incorporada por gente de todas as crenças: “Em todos os momentos/ Que eu olho pro espaço/ Sou forte e minha fé/ Me faz um homem de aço”. 


Ele Está Pra Chegar” (1981)

Onze anos depois da polêmica com “Jesus Cristo”, o nome do Profeta finalmente voltou a aparecer em uma letra de Roberto Carlos. Isso aconteceu na faixa gospel que abre o antológico LP de 1981: “Não se pode fugir dessa luz/ Dessa força chamada Jesus/ Se procure, se encontre depressa/ Ele está pra chegar”. 


Estou Aqui” (1983)

A mensagem lançada em 1983 já adiantava o tom que as canções religiosas de Roberto passariam a adotar nos anos 1980 e 1990, mais “devotas” e menos influenciadas pela estética pop da década de 1970: “Cristo, meu amigo/ Sua luz me mostra a direção a ser seguida/ Você é a verdade, é tudo, é o caminho, a vida/ Só você, eu sei, é a solução”. 


Aleluia” (1984)

Mais uma música em tom grandioso e com arranjo imponente. “Aleluia” celebra as belezas naturais da criação de Deus: “Um ser supremo em tudo isso existe/ Deus, a luz maior, a explicação/ Tudo vem das Suas mãos divinas/ O céu, a terra, o mar, a vida então”. 


Luz Divina” (1991) 

A partir dos anos 1990, Roberto Carlos se tornou cada vez mais religioso, e as canções com essa temática proliferaram em seu repertório, marcando presença anualmente a cada novo álbum lançado por ele. “Luz Divina”  foi uma das mais emblemáticas do período, e é até hoje cantada em seus shows. 


Nossa Senhora” (1993)

Dentro ou fora da temática religiosa, “Nossa Senhora” é certamente uma das músicas mais lembradas do repertório de Roberto Carlos. O compositor nutria a vontade de homenagear a padroeira do Brasil desde os anos 1980, mas a inspiração só chegou no ano de 1993, se tornando um sucesso popular imediato. Até hoje ela recebe inúmeras regravações e é constantemente entoada em romarias e procissões ao redor do Brasil.  


Jesus Salvador” (1994)

Outro sucesso da época, “Jesus Salvador” também fala da paz e esperança que advém da fé: “Hoje eu olhei o céu da minha janela/ Vi no meu coração a presença tão bela/ De Jesus sorrindo e dizendo pra mim/ Vem, deposita em minhas mãos/ Todos os seus problemas/ Levante esse olhar, não chore, não tema/ Não perca essa fé que você tem em mim”. 


Quando Eu Quero Falar Com Deus” (1995)

Quando Gilberto Gil compôs “Se eu quiser falar com Deus” em 1980, ele a entregou para que Roberto Carlos gravasse. O Rei, no entanto, gentilmente recusou, explicando que aquele era um retrato da relação de Gil com Deus, não sua. De fato, é difícil imaginar Roberto cantando coisas como “Diabo”, “medonho”, “mal tamanho” e ainda concluir, no final da música, “Que ao findar, vai dar em nada/ Do que eu pensava encontrar”. 


15 anos depois, Roberto escreveu “Quando eu quero falar com Deus”, esta sim um retrato mais íntimo de sua religiosidade: “Quando eu quero falar com Deus/ Eu apenas falo/ Quando eu quero falar com Deus/ Às vezes me calo/ E elevo o meu pensamento/ Peço ajuda no meu sofrimento/ Ele é pai, Ele escuta o que pede o meu coração”. 


O Terço” (1996)

Um dos destaques do LP de 1996, “O Terço” é outra canção dessa safra ainda bastante tocada em eventos religiosos, além de aparecer em muitos vídeos de correntes de oração que circulam nas redes sociais. 


Meu Menino Jesus” (1998)

Dezembro é temporada de Natal, nascimento de Jesus, mas para os fãs também sempre foi a época do lançamento do disco anual de Roberto Carlos, até hoje muito associado à data. “Meu Menino Jesus” foi feita sob medida para celebrar a “noite feliz” de 25 de dezembro, com direito a coro infantil e sinos badalando no arranjo. Apesar de pouco conhecida, é uma ótima pedida para se incluir nas playlists natalinas. 


Todas As Nossas Senhoras” (1999) 

Depois do sucesso de “Nossa Senhora”, Roberto voltou ao tema em 1999, mas dessa vez para falar de “Todas As Nossas Senhoras”, mencionando, por exemplo, Nossa Senhora da Paz, da Penha, de Fátima, do Carmo, da Guia, de Lurdes, de Nazaré, das Graças, da Rosa Mística, de Médio Glori, de Guadalupe, dentre outras. 


Lembrou de mais alguma? Comenta aqui com a gente! 

Texto por: Tito Guedes


Esse texto faz parte de uma série em homenagem aos 80 anos de Roberto Carlos, com playlists comentadas de várias músicas temáticas compostas pelo Rei. Confira todos os capítulos desse especial: 

Capítulo 1: A "músicas de motel" do Rei

Capítulo 2: As mensagens religiosas (lendo agora) 

Capítulo 3: Os protestos ecológicos 

Capítulo 4: Os tipos femininos

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