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Roberta ‘Samba aqui, Samba Ali, SambaSá’ em gravação de DVD no Circo Voador

por Mila Ramos

quarta, 28 de setembro de 2022

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Mesmo com o tempo frio no Rio de Janeiro, o sábado, 24 de setembro, foi capaz de aumentar a temperatura e ficar registrado na história do Circo Voador. Estou me referindo não somente à gravação audiovisual do projeto ‘Sambasá’, mas sobretudo da roda de samba de respeito que a cantora Roberta Sá entregou numa noite de brasilidades na lona favorita do carioca. Casa lotada em todos os setores, da pista ao mezanino.

Com dois DVDs no portfólio, "Pra Se Ter Alegria" (2009) e "Delírio No Circo" (2016), agora apresenta um casamento perfeito entre as suas músicas autorais e uma bela e merecida homenagem às grandes mulheres do samba, como Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra e, ainda Beth Carvalho. O espetáculo teve direção artística de Pedro Seiler e foi filmado para dar origem ao novo trabalho audiovisual da cantora.

"Sempre quis fazer um show assim, como uma roda de samba, em que as pessoas saibam cantar as músicas, com sambas mais 'pra fora'. O Sambasá veio para fazer parte da minha vida e vou apresentá-lo sempre que houver oportunidade", celebra Roberta.


Vestindo sobretudo jeans, a artista abriu o show ao som de “A Roda”, música de Wanderley Monteiro e Deco Romani (“E vai girar girar girar no fundo de quintal / Nos becos, calçadas, num canto de bar / A roda é a forma ancestral / É a marca que fica no chão / O samba é a nata, é o topo da evolução”). Mantendo o clima no topo, Roberta se despiu para exibir o macacão e botas cor de prata, figurino que arrancou elogios de quem assistia. A banda emendou em “Alguém Me Avisou”, “Alô Fevereiro”, “Água da Minha Vida” e o couro seguiu comendo.

“A mãe tá on!!”, falou a artista que fez o show à vontade, exibindo o barrigão de 6 meses da filha Lina, com samba no pé e disposição de sobra. Percorreu o palco todo algumas vezes, interagindo com os fãs e mostrando porque é um dos grandes nomes da nossa música. 

Em seu repertório, a potiguar radicada no Rio de Janeiro apostou em clássico do samba, mas não deixou de fora alguns de seus sucessos de carreira, como "Interessa?", "Samba de Um Minuto" e "Amanhã é Sábado"; apresentou "Sem Avisar" e "Antes Tarde" duas faixas inéditas do EP previsto para novembro, e as mais recentes gravações de estúdio “Nossos Planos” e “Luz da Minha Vida”, que inclusive foram tema de uma entrevista exclusiva com o IMMuB há pouco tempo e você pode conferir por aqui

Para abrilhantar ainda mais a noite, Roberta Sá colocou sua bela voz a serviço de uma coleção de sucessos de fazer inveja a qualquer um, incluindo “Maneiras” (Zeca Pagodinho), nostalgia com o pagode “Domingo” (Só Pra Contrariar), uma versão bem sensual de “Fala Baixinho” (Grupo Revelação) e tantas outras que fizeram o público do Circo, independente de sua geração, cantar junto a plenos pulmões e se encantar com a oportunidade de observar atentamente a estrela cor de prata no palco.

O maior momento de empolgação veio com a entrada de Áurea Martins, convidada que fez uma participação rápida e muito especial para cantar “Nos Braços da Batucada”, clássico de Arlindo Cruz. Visivelmente emocionada pela aclamação do público, Áurea ria como se não acreditasse no que estivesse vendo. 


"Esse show, ele tem uma característica que é homenagear várias mulheres do samba. Agora eu quero, e vou, cantar duas canções dessa mulher que me influenciou tanto e que foi uma mulher à frente do seu tempo, que sempre defendeu a liberdade de todas nós: Beth Carvalho", exaltou Roberta e seguiu com "Samba de Arerê" no calor da plateia.

“Sorriso Aberto", eternizada na voz de Jovelina Pérola Negra, foi um dos destaques da apresentação, quente do começo ao fim. Pra dar seu toque pessoal no refrão, uma ajustada estrategicamente brilhante para “Samba aqui, Samba Ali, SambaSá”. Vai ficar lindo no DVD!

Além disso, vale destacar a banda afiada que manteve a pressão lá em cima. Estou falando de Alaan Monteiro (cavaquinho e direção musical), André Manhães (bateria), Bruno Gama (percussão, congas), Camila Monteiro (coro), Gabriel de Aquino (violão), Jéssica Araújo (surdo, tantã, pandeiro, tamborim, efeitos), João Rafael (baixo) e Thiaguinho Castro (pandeiro, caixa, repique de anel, tamborim, efeitos). Classudo demais!



O resultado foi um show fluido, totalmente novo, diferente de todos os seus trabalhos anteriores, que entregou uma vibe bem brasileira e era visível o quanto o público estava curtindo. Uma pena que tinha que acabar...ou não! Depois de um pouco mais de 1 hora de show, Roberta encerrou avisando ao público que voltaria para alguns ajustes de cena. Sorte de quem ficou até o final para desfrutar ainda de mais 3 música como se fosse a abertura do show, sem cortes.

A 7 dias das eleições presidenciais, o público pediu e teve seu momento de manifestação e protestos políticos em vozes esbravejantes no coro “Na vida é preciso aprender/Se colhe o bem que plantar/É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar”. Roberta Sá prometeu e entregou uma música especial, íntima para os presentes apenas e que não ficou na gravação. 

O fato é que Roberta não subiu ao palco sozinha. Em sua voz estavam presentes também as vozes imperecíveis do samba, das mulheres que lutaram por esse gênero tão nosso, tão brasileiro, e de muitas outras anônimas que também querem fazer sua voz ecoar. “Sambasá” serviu para reafirmar a posição de Roberta Sá no panteão feminino das intérpretes do samba contemporâneo, e que sorte a nossa de ter tudo isso registrado para um projeto audiovisual que só alguém como ela poderia nos presentear. 

Meus agradecimentos ao Circo Voador pelo espaço e parceira com o IMMuB, onde mais uma vez pude registrar a experiência que o palco da lona mais carioca traz de especial. Agradeço à equipe da Roberta Sá que atenderam aos meus pedidos finais. Consegui uma foto com ela após 20 anos de espera!!! Ah, e quem quiser ver mais fotos desse dia, chega mais nesse link. Em breve vou disponibilizá-las por lá.


Fotos de: Mila Ramos


Mila Ramos é fascinada por música e foi em seu trabalho com bandas cover em 2012 que encontrou uma nova paixão: o Music Business. Especializou-se em Marketing e Design Digital pela ESPM-RJ e somou seus conhecimentos ao mundo musical como Produtora Artística. Em 2017, entrou para o Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB). Lá chegou ao cargo de Coordenadora de Comunicação e, sob sua gestão, conquistaram o Prêmio Profissionais da Música 2019, e o Programa Aprendiz esteve entre os finalistas de 2021.


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