Roberta ‘Samba aqui, Samba Ali, SambaSá’ em gravação de DVD no Circo Voador
por Mila Ramos
Mesmo com o tempo frio no Rio de Janeiro, o sábado, 24 de setembro, foi capaz de aumentar a temperatura e ficar registrado na história do Circo Voador. Estou me referindo não somente à gravação audiovisual do projeto ‘Sambasá’, mas sobretudo da roda de samba de respeito que a cantora Roberta Sá entregou numa noite de brasilidades na lona favorita do carioca. Casa lotada em todos os setores, da pista ao mezanino.
Com dois DVDs no portfólio, "Pra Se Ter Alegria" (2009) e "Delírio No Circo" (2016), agora apresenta um casamento perfeito entre as suas músicas autorais e uma bela e merecida homenagem às grandes mulheres do samba, como Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra e, ainda Beth Carvalho. O espetáculo teve direção artística de Pedro Seiler e foi filmado para dar origem ao novo trabalho audiovisual da cantora.
"Sempre quis fazer um show assim, como uma roda de samba, em que as pessoas saibam cantar as músicas, com sambas mais 'pra fora'. O Sambasá veio para fazer parte da minha vida e vou apresentá-lo sempre que houver oportunidade", celebra Roberta.
Vestindo sobretudo jeans, a artista abriu o show ao som de “A Roda”, música de Wanderley Monteiro e Deco Romani (“E vai girar girar girar no fundo de quintal / Nos becos, calçadas, num canto de bar / A roda é a forma ancestral / É a marca que fica no chão / O samba é a nata, é o topo da evolução”). Mantendo o clima no topo, Roberta se despiu para exibir o macacão e botas cor de prata, figurino que arrancou elogios de quem assistia. A banda emendou em “Alguém Me Avisou”, “Alô Fevereiro”, “Água da Minha Vida” e o couro seguiu comendo.
“A mãe tá on!!”, falou a artista que fez o show à vontade, exibindo o barrigão de 6 meses da filha Lina, com samba no pé e disposição de sobra. Percorreu o palco todo algumas vezes, interagindo com os fãs e mostrando porque é um dos grandes nomes da nossa música.
Em seu repertório, a potiguar radicada no Rio de Janeiro apostou em clássico do samba, mas não deixou de fora alguns de seus sucessos de carreira, como "Interessa?", "Samba de Um Minuto" e "Amanhã é Sábado"; apresentou "Sem Avisar" e "Antes Tarde" duas faixas inéditas do EP previsto para novembro, e as mais recentes gravações de estúdio “Nossos Planos” e “Luz da Minha Vida”, que inclusive foram tema de uma entrevista exclusiva com o IMMuB há pouco tempo e você pode conferir por aqui.
Para abrilhantar ainda mais a noite, Roberta Sá colocou sua bela voz a serviço de uma coleção de sucessos de fazer inveja a qualquer um, incluindo “Maneiras” (Zeca Pagodinho), nostalgia com o pagode “Domingo” (Só Pra Contrariar), uma versão bem sensual de “Fala Baixinho” (Grupo Revelação) e tantas outras que fizeram o público do Circo, independente de sua geração, cantar junto a plenos pulmões e se encantar com a oportunidade de observar atentamente a estrela cor de prata no palco.
O maior momento de empolgação veio com a entrada de Áurea Martins, convidada que fez uma participação rápida e muito especial para cantar “Nos Braços da Batucada”, clássico de Arlindo Cruz. Visivelmente emocionada pela aclamação do público, Áurea ria como se não acreditasse no que estivesse vendo.
"Esse show, ele tem uma característica que é homenagear várias mulheres do samba. Agora eu quero, e vou, cantar duas canções dessa mulher que me influenciou tanto e que foi uma mulher à frente do seu tempo, que sempre defendeu a liberdade de todas nós: Beth Carvalho", exaltou Roberta e seguiu com "Samba de Arerê" no calor da plateia.
“Sorriso Aberto", eternizada na voz de Jovelina Pérola Negra, foi um dos destaques da apresentação, quente do começo ao fim. Pra dar seu toque pessoal no refrão, uma ajustada estrategicamente brilhante para “Samba aqui, Samba Ali, SambaSá”. Vai ficar lindo no DVD!
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