MPB de A a Z

Paulinho da Viola, simplesmente

sexta, 13 de novembro de 2020

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Desde o dia em que um Rio passou em nossas vidas – e lá se vão meio século de samba, choro e poesia – que nunca mais conseguimos viver sem ouvir Paulinho da Viola, unanimidade saudável e suave na música brasileira.

Viemos com ele, de lá para cá, dançando e cantando, gemendo e dançando, no mar que nos navega ou nos sinais fechados, repetindo que “esse papo furado de que o samba acabou, só se dói depois que o dia clareou”.

Quando o Rio melódico passou em nossas vidas, ele disse que a homenagem foi para a Portela, mas não importa; foi para todos nós. Desde a primeira tacada certeira (“Pode ser ilusão”), composta em 1962 para a União de Jacarepaguá, passando pelo Sargento de milícias que soltou a águia em 1966, que esse escorpiano de 12 de novembro prova que beber do samba não provoca ressaca. Pelo contrário, faz dormir pesado e acordar mais leve.

Instrumentista de primeiríssima qualidade – ouçam os solos dos choros chorados –, intérprete que carrega nas cordas vocais a malícia e a embocadura do samba, e amigo de todas as horas dos seus amigos – a turma da Velha Guarda da Portela que o diga –Paulinho ganhou o apelido carinhoso de “Príncipe do Samba” não por exibir qualquer traço ou ranço de nobreza; mas pela invejável elegância com que trata o gênero, os ouvintes e os seguidores.

Volta e meia ele fica um tempão se gravar. Depois, outro tempão sem fazer shows.

Mas não é para fazer fita ou bancar o difícil. É que Paulo César Faria, filho do também nobre violonista César Faria (1919-2007), como o seu pai sempre soube o quanto o chamado mercado fonográfico é complicado. E jamais se mostraram interessados em virar “mercadoria”.

Está tudo feio, duro, difícil, nada musical. Mas um país que tem Paulinho da Viola não pode ser de todo ruim. Teremos salvação.

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