Tema do Mês

O Pessoal do Ceará

sexta, 02 de junho de 2023

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No mês de junho, embalado pelos 50 anos de lançamento do álbum homônimo, iremos celebrar os artistas de um movimento conhecido como “Pessoal do Ceará”, muito importante para a revitalização da música do estado cearense. Entre grandes artistas e grandes composições, vamos relembrar um pouquinho da sua importância!


Detalhe de Rodger Rogério, Teti e Ednardo na foto para o álbum de 1973. Fonte: Disconversa.

A efervescência de artistas cearenses no início dos anos 1970, denominada como Pessoal do Ceará, pode ser comparada por exemplo ao Clube da Esquina com a juventude de Minas Gerais; o mesmo ocorreria na Paraíba/Pernambuco, sem um nome definido, com Zé e Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo. Nos anos de chumbo, uma juventude contestadora vinha em uma crescente vontade de pedir, através da sua arte, por dias melhores, de maneira mais ou menos declarada.

Até surgir propriamente o nome do grupo ou do movimento, muitos fatos relevantes sedimentaram essa passagem. Por exemplo, Rodger Rogério comentou sobre como o fato de Belchior ganhar o Bandolim de Ouro no IV Festival Universitário de Música Brasileira (1971) com “Na Hora do Almoço” fez com que os artistas do Ceará vissem a grandeza e o valor que a obra deles poderia alcançar.

Em 1972, a parceria entre Fagner e Belchior resultou em outro grande reconhecimento: uma canção gravada por Elis Regina! Com “Mucuripe”, os artistas mostravam que estavam preparados para figurar entre os grandes da música brasileira. Nesse mesmo ano, Fagner lançaria seu primeiro compacto pela Philips, com destaque para “Cavalo Ferro” e “Quatro Graus”.

O prestígio era tanto que Rodger Rogério, Teti, Ednardo e Belchior ganharam até um programa de TV. Isso propiciou o primeiro LP do grupo, “Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem”, em 1973, pela Continental, e o nome surgiu de um fato curioso: numa das entrevistas do programa, o repórter não lembrou o nome de todos os integrantes e falou que era o “Pessoal do Ceará”. E o nome ficou!

Neste primeiro LP do grupo, participaram apenas Rodger Rogério, Ednardo e Teti, porque Fagner e Belchior já tinham projetos solo encaminhados com suas respectivas gravadoras. Amelinha despontaria com o grupo um pouco depois, alavancada pelo sucesso de seu segundo LP com “Frevo Mulher”. Muitos anos depois, em uma nova formação, seria lançado o CD “Pessoal do Ceará”, sendo os integrantes: Ednardo, Amelinha e Belchior.

Dos desdobramentos desse primeiro disco, em 1974, Ednardo faria muito sucesso com “O Romance do Pavão Mysteriozo" e no ano seguinte Rodger Rogério e Teti lançariam “Chão Sagrado”. A influência do Pessoal do Ceará foi tanta que geriram a Massafeira Livre, em 1979, numa feira cultural que mesclava diversas linguagens das artes no Theatro José de Alencar, Fortaleza.


Capa de "Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem" (Continental, 1973)

Vejamos como nossa música é rica nas mais variadas regiões! Agora é só dar play e curtir, né?


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