“Música na Serrinha” congrega em Jam sessions instrumentistas de diversos países

Em 2015, Fabio Delduque, o produtor do evento Festival de Artes da Serrinha, que ocorre desde 2002, na zona rural de Bragança Paulista, município do interior de SP, convidou os músicos Benjamim Taubkin (piano), Marcos Suzano (percussão) e Jaques Morelenbaum (cello) para uma residência musical, com direito a convidados. A eles se juntaram outros brasileiros, Carlos Malta (sopros), Jovi Joviniano (percussão e voz), Sacha Amback (teclados e eletrônicos), Meno Del Picchia (baixos acústico e elétrico) e a coreana do sul Kyungso Park (com o gayageum, uma espécie de sitar, diferente do indiano), Sahib Prazade, do Azerbaijão (o instrumento tar, com suas caixas de ressonância postadas “na altura do coração”), o colombiano Antonio Arnedo (sax soprano e pífano) e a caboverdiana Mayra Andrade (voz).

A polifonia de estética poliglota resultante é desenvolvida nas oito longas faixas do CD “Música na Serrinha – 10 dias de criação” (Núcleo Contemporâneo). E também no filme do evento, em edição acoplada em DVD, “Música pelos poros”, direção de Marcelo Machado, vencedor pelo voto do público no Festival de Cinema Latino-Americano de SP.

Boa parte do material foi criado durante a residência, como “Chuva na Serrinha”, de Morelenbaum, inspirada no ritmo dos pingos que os recepcionaram na bela paisagem do evento. Arnedo contribuiu com uma intimista e reflexiva “Cúmbia”, apoiada num dos gêneros característicos de sua Colômbia. Sahib, comandou o tempero orientalista em “Chahagar”, a que Taubkin retribuiu com o celebrante “Tema para Sahib”, uma jam session de mais de 15 minutos. Pontuado pelo pandeiro orgânico de Suzano, o irrequieto Carlos Malta soltou no ambiente sua saltitante “Mula sem cabeça”. Mayra Andrade dividiu com Malta a autoria do uivante “O lobisomem”: “Eu vi o lobisomem e corri/ nos braços dele a noite/ eu me perdi/ a cada lua cheia sou feliz”. Puro deleite.

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