Supersônicas

MPB-4: 50 anos de brilho nos trilhos da MPB

por Tárik de Souza

terça, 28 de novembro de 2017

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Pouca gente se deu conta, mas foi o conjunto vocal MPB-4, formado em Niterói, que consolidou o rótulo da fase posterior da bossa nova, aberta a vários sotaques e estilos. Circulava na época o carimbo MPM (Música Popular Moderna), criado pelo influente crítico musical Sylvio Tulio Cardoso, mas foi MPB que vingou, a despeito da farpa da cantora gozadora Aracy de Almeida. Para ela o título do grupo parecia prefixo de trem.

E em 2016, o grupo completou 50 anos nos trilhos do sucesso, apesar da saída de Ruy Faria (substituído por Dalmo Medeiros, voz, tamborim e viola) e da morte do tecladista, diretor musical e arranjador Magro Waghabi, em 2012, que tem em seu posto, Paulo Malaguti Pauleira (Céu da Boca, Arranco de Varsóvia). Os componentes fundadores Aquiles Reis (voz) Miltinho, (voz , violão, arranjos) complementam o grupo, que lança o CD/DVD “O sonho, a vida, a roda viva - MPB4 50 anos ao vivo” (MP,B / Som Livre) registro do espetáculo comemorativo gravado no SESC Ginástico, no Rio, em outubro, sob direção de Bernardo Mendonça.

Desfilam épicos de várias épocas como o célebre arranjo de “Roda viva” (Chico Buarque) - levado à capela e na penumbra, assim como “Oração ao tempo” (Gilberto Gil). Da dupla, há ainda uma veemente releitura de “Cálice”, proibida na época da ditadura. De Chico também são “Partido alto”, “Almanaque”, “Olé Olá” e “Apesar de você”, além da pungente parceria com Miltinho, do grupo, “Angélica”, escrita para estilista Zuzu Angel, que peregrinava nos quartéis à procura do filho Stuart, torturado e assassinado pelo aparato militar.

Outro clássico do compositor Miltinho é “Cicatrizes”, com Paulo Cesar Pinheiro, autor que comparece em outras parcerias, Breno Ruiz (“Milagres”) e na estréia em disco de Guinga (“Conversa com o coração”), também escalado em “Brasiléia” (com Thiago Amud). Os gaúchos Kleiton & Kledir participam de “Vira virou”, hit do grupo de autoria deles.

Prefaciado pela voz do Magro em of (homenageado na fala de Miltinho) “O navegante” (Sidney Miller) antecede outro momento de comoção, “Canção da América” (Milton Nascimento/Fernando Brant), aquela; “amigo é coisa pra se guardar no fundo do peito”. Um pot-pourri encerra o show, incluindo outra de Sidney (“Pois é, pra quê?”) e os previsíveis “O que é o que é” (Gonzaguinha) e “Samba do avião” (Tom Jobim) Fica a dívida de outro momento memorável do grupo, “Pesadelo” (Maurício Tapajós/Paulo Cesar Pinheiro), o da indelével diatribe: “Você corta um verso, eu escrevo outro/ você me prende vivo, eu escapo morto”.  

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