Música

Maikão busca a proteção no clipe “Sal Grosso”

Faixa integra o recém-lançado EP “Ascender”

quinta, 10 de março de 2022

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Cantor, compositor e multi instrumentista, Maikão lançou no final de 2021 o EP “Ascender. Agora, o músico amplia a narrativa de força, fé e respeito às diferenças com o clipe “Sal Grosso”. O vídeo, em parceria com a Pyx Filmes, de Porto Alegre, retrata a importância da gratidão, da proteção e da natureza.

Assista ao clipe “Sal Grosso”:

 

Manifestações musicais do interior de São Paulo  fazem parte do mergulho que Maikão fez em “Ascender”, celebrando suas origens. As levadas percussivas ganham elementos eletrônicos em cinco faixas onde os temas vão da importância das raízes a questões políticas e a reflexão da legalização da maconha. “Sal Grosso” é um exemplo do olhar multifacetado de um artista que dialoga com questões mundanas ao mesmo tempo que dialoga com o sagrado. Exú ou Elegbara é quem cuida, protege e alerta os seres humanos, um orixá de respeito que foi  demonizado por diversas manifestações religiosas.

O trabalho de Maikão é marcado pela atitude artística, presença e potência humana, assim como pela valorização das tradições populares e a interação com o universo da música pop alternativa. Essa mescla de referências surge no clipe de “Sal Grosso”. De costas para as sombras e de peito para a luz, a faixa ganha potência com os riffs mais pesados de “Ascender”. Estão em cena com o músico Cadiba dos Prazeres (baixo), Juca Natal (guitarra), os percussionistas Edu Vianna, Tata Roberta Cáceres e Ph Santin e Glaucio Camargo como intérprete de libras. Entre cordas e batidas marcantes, Maikão dança e esquiva, com banho de sal grosso, quebrando mau olhado com guiné e cortando quebrante com arruda.

“É uma música baseada na minha vivência dentro do místico do benzimento e da da força da natureza. Além disso, essa música retrata uma entidade da religiosidade afro-brasileira com o nome nigeriano - Elegbara é equivalente a Exu. Estas figuras trazem representatividade dentro do encanto da natureza e da diversidade religiosa”, explica.

Maikão vive a música - como trabalho, terapia, como encanto e estilo de vida. Ele se dedica ao Baque Caipira, grupo percussivo de maracatu fundado em 2013, e ao grupo tradicional de Samba de Lenço Mestre Antônio Carlos Ferraz, além de desenvolver atividades de música e expressões para idosos e adolescentes. 

Das suas pesquisas culturais, passando por música instrumental, big band e orquestra popular, aos palcos do SuperStar, Circo Voador, Lollapalooza e turnê em países da Europa acompanhando grandes nomes da música nacional e internacional, Maikão reúne suas vivências em “Ascender”, e agora mostra novos contornos de seu trabalho autoral com o clipe “Sal Grosso”, já disponível no canal oficial do artista no YouTube.

Foto de Edsoul Figueroa

Confira o faixa-a-faixa abaixo

O trabalho de Maikão é marcado pela valorização da musicalidade do interior paulista, das linguagens e tradições populares. Essa mescla de referências é, ao mesmo tempo, um convite à reflexão e à dança, à manifestação física do ritmo e à racionalização do diálogo e do respeito.

“‘Ascender’ é uma obra consequente de uma ampla trajetória de vida, visões sociais políticas de reconhecimento, de empoderamento e resiliência diante das condições estruturais em uma classe social com paralelo entre a situação atual política e artística. ‘Ascender’ integra e envolve a diversidade como potência e complemento no autoconhecimento reconhecida por uma grande parcela de quem vivencia. Trazer críticas e observações do cenário político e social também reverencia nossas origens, nossas ancestralidades e a importância da diversidade humana”, resume o artista.

Maikão faz da música uma manifestação do seu trabalho dentro e fora dos palcos. Ele se dedica ao Baque Caipira, comunidade de maracatu fundada em 2013 onde o tradicional ritmo nordestino é adaptado às linguagens musicais e poéticas da região. Natural de Miguelópolis (SP), Maikão começou cedo na música: aos cinco anos, aprendeu sozinho a tocar violão e viola caipira. O amor pela bateria veio na adolescência, aperfeiçoado nos palcos de Piracicaba, para onde se mudou com a família. Ao longo de sete anos, frequentou o Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos Campos, em Tatuí, onde se dedicou ao jazz, MPB e ritmos latinos. 

Sua atuação no cenário da música regional percussiva com foco nos ritmos afro-brasileiros levou o artista a integrar a Pirajazz Band (2007-2012). Em 2014, fez parte da banda Zaíra, com a qual chegou à semifinal do programa SuperStar, da Rede Globo. Em 2018, subiu ao palco do Lollapalooza acompanhando a francisco, el hombre. Além disso, trabalhou com artistas como Monarco da Portela, Silvério Pontes, Mônica Salmaso, Hermeto Pascoal, o pianista André Marques e o violonista americano Richard Smith. 

Ouça “Ascender”

Foto de Letícia Puke

Na sua trajetória estão também festivais, a produção de trilhas sonoras para curtas e longas-metragens, turnê pela Europa ao lado do Brasil Sauce Trio (com Samuel Gustinelli e Marcus Godoy), oficinas e vivências de terapia musical para a terceira idade. Para completar, integra o grupo de samba de lenço Mestre Antônio Carlos Ferraz e colabora no Batuque de Umbigada. 

Toda essa trajetória ganha forma em “Ascender”. Trilhando a linha tênue entre o sagrado e o profano, Maikão incendeia as pistas de dança e olha para o divino que há em nós, na natureza e nas entidades à nossa volta. Primorosamente intitulado, o álbum marca a ascensão de um nome a se prestar atenção no cenário independente nacional.


Faixa-a-faixa, por Maikão:

1 - Inteiro: É uma música que retrata a condição da vida de uma grande parcela do povo brasileiro. Entre sonhos, decepções e batalhas, falo sobre a importância do reconhecimento do lugar de origem e sobre a necessidade de reflexão sobre a atuação do nosso comportamento diante de uma ansiedade gerada pelo nosso próprio processo histórico e subdividida em um modo de vida reflexo das responsabilidades financeiras, emocionais e ideológicas.

2 - Deus acuda: É a síntese do movimento desenfreado de imposição, oferta e golpes dentro do universo das operadoras e oportunistas no sistema de telecomunicação. Irônica, cômica e groovada, Deus Acuda é uma música de parceria com Rás. Essa música é uma visão consequente de uma cilada após um golpe de WhatsApp clonado.

3 - A Gente Dança: Essa música é uma manifestação de repúdio aos ciclos falidos políticos e sociais que acontecem na nossa nação. De maneira debochada, envolvente e picante, essa mensagem ecoa por toda a diversidade social e política.

4 - Sal grosso: É uma música baseada na minha vivência dentro do místico do benzimento e da da força da natureza. Além disso, essa música retrata uma entidade da religiosidade afro-brasileira com o nome nigeriano - Elegbara é equivalente a Exu. Estas figuras trazem representatividade dentro do encanto da natureza e da diversidade religiosa.

5 - Fumaça de pamonha: É  um protesto informativo que trata de uma planta que atua dentro da condição medicinal e como utilidade têxtil e que sofre a criminalização diante da transformação pós revolução industrial - além de também homenagear a terra da pamonha.


Encaminhado por Build Up Media


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