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Cláudio Jorge é Grammy, grande e indispensável

quinta, 15 de outubro de 2020

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Em 2019, ano que comemorou seus 70 anos de vida e algumas décadas de bons serviços prestados à música brasileira, o compositor, instrumentista e arranjador Cláudio Jorge lançou o seu quinto disco autoral, mostrando que além das referências acima ele ostenta mais uma: é também um ótimo cantor. 

Agora, um ano depois, o artista, aniversariante de outubro, vê o seu “Samba jazz de raiz, Cláudio Jorge 70” ser indicado ao Grammy Latino 2020 (uma das mais importantes premiações da indústria fonográfica) na categoria Melhor Disco de Samba (repetindo façanha de 2002). Não é pouca coisa, e posso afirmar que é muito merecido. No disco, onde apresenta composições em parceria com bambas de sua estirpe, como Nei Lopes, Paulo César Pinheiro, Ivan Lins, Wilson Moreira, Wilson das Neves e Ivan Wrigg, ele tem como convidados especiais Fatima Guedes, Ivan Lins, Mauro Diniz e Frejat.

No lançamento, definiu o trabalho assim:

– Neste disco eu retomo minhas iniciais raízes na MPB e no jazz suburbano, contidas em meu primeiro álbum, de 1980, na Odeon, e as junto ao maravilhoso universo do samba de raiz que me envolveu logo a seguir. É também um reencontro meu com a guitarra elétrica, instrumento de minha juventude, em seus vários estilos. Novas e inusitadas parcerias também marcam este disco.

Acrescento que as iniciais de raiz sempre fizeram parte da assinatura artística de Cláudio Jorge, seja por meio de sua obra autoral ou em homenagens por ele prestadas a grandes nomes do MPB ou do samba brasileiro, Ismael Silva entre eles.

A arte de Cláudio Jorge vem passeando entre palcos, estúdios e parcerias por nosso cancioneiro há muito tempo. Talvez venha desde o começo dos anos 1970, quando já mostrava a cara e o talento em festivais da canção (no II Festival Universitário da Gama Filho), classificando duas músicas, em parcerias com Ricardo Neves e Ivan Wrigg). Daí para cá, as parcerias se multiplicaram. Vieram Cartola, João Nogueira, Luiz Carlos da Vila, Aldir Blanc (o samba que fizeram juntos em homenagem ao Salgueiro é uma obra-prima, em minha opinião), Nei Lopes, Elton Medeiros, Ivor Lancellotti e muitos, muitos outros.

Nessa bonita trajetória, além de cantar e de tocar suas criações, Cláudio Jorge acompanhou muitos artistas brasileiros, em palcos ou em estúdios, bastando citar mestres do ofício como Cartola, Nelson Cavaquinho, Clementina de Jesus, João Nogueira, Sivuca e Martinho da Vila, além do seu ídolo Ismael. São muitos discos lançados. "Coisa de chefe" (2001, indicado em Grammy no ano seguinte), “Matrizes", em parceria com Luiz Carlos da Vila (2005) e "Amigo de fé" (2007) estão entre os meus preferidos.

Amigo de fé, da música e dos músicos, torcendo pelos seus pares e rotineiramente incentivando os iniciantes, Cláudio Jorge joga no time dos que vestem a camisa da MPB em tempo integral. Parabéns pelo trabalho, pela indicação ao prêmio e pelos setenta e um (bem tocados) que você está comemorando agora. 

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