Tema do Mês

Chico Buarque, o gênio carioca

Por Ana Carolina Alvarenga

sábado, 01 de junho de 2024

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Neste mês de junho, o nosso homenageado do mês é ninguém mais ninguém menos que Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido como Chico Buarque. Nosso carioca favorito completa 80 anos no dia 19 e nada mais justo que consagrar um dos maiores artistas vivos da nossa música popular brasileira. Confira nossa playlist exclusiva clicando AQUI.

Nascido no bairro do Catete, é filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda, autor dos livros “O Homem Cordial” e “Raízes do Brasil”, e da intelectual e pianista Maria Amélia Buarque de Holanda. Desde pequeno, conviveu com grandes artistas e intelectuais que frequentavam a sua casa, como Vinicius de Moraes e Paulo Vanzolini, que reforçaram seu amor pela música e pela poesia. O casal Sérgio e Maria criou uma família musical: além de Chico, todas as suas irmãs (MiúchaCristina Buarque e Ana de Hollanda) seguiram carreira na música. 

Chico e sua família

Chico Buarque ganhou destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música "A Banda"

Festival de Música Popular Brasileira

Com a ditadura militar instaurada no Brasil, foi um dos músicos visados pelo regime, especialmente após sua participação na Passeata dos 100 Mil, e sua autoria na peça “Roda Viva", uma crítica à violência institucional sofrida na época. Dias após o decreto do Ato Institucional nº 5, ele foi detido em sua casa e levado ao Ministério do Exército para prestar depoimento. Logo, acabou optando por se auto exilar na Europa com sua então esposa, Marieta Severo. Quando retornou, arrumou maneiras para tentar driblar as censuras, chegando a criar o pseudônimo Julinho da Adelaide, utilizado para algumas músicas como “Jorge Maravilha” e “Acorda Amor”

Chico em seu exílio

Por falar em suas composições,  foi parceiro como compositor e intérprete de vários dos maiores artistas da MPB como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho, Milton Nascimento, Francis Hime, Edu Lobo, Ruy Guerra e Caetano Veloso

Chico e Francis Hime

Algumas composições do cantor se notabilizaram pela concepção de um "eu lírico" feminino, retratando temas a partir do ponto de vista das mulheres com notável poesia e beleza. Nesse estilo, temos o exemplo da performance de Elis Regina na canção “Atrás da Porta”, Maria Bethânia em “Olhos nos Olhos” e Gal Costa com “Folhetim”. Esta última chegou a aparecer em uma das peças escritas por Buarque, a Ópera do Malandro.

A Ópera do Malandro (1978)

Além das suas obras dramatúrgicas, também se tornou uma figura notável no cinema, como ator, diretor, compositor de trilhas sonoras e muito mais. Até lançou o álbum Chico no Cinema (2005), como um compilado desse lado de sua carreira. 

Chico em "Quando o Carnaval Chegar", com Nara Leão e Maria Bethania

Também desenvolveu uma carreira literária, sendo vencedor de três Prêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 com Estorvo e o de Livro do Ano, tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite Derramado, em 2010. Em 2019, foi distinguido com o Prémio Camões, o principal troféu literário da língua portuguesa, pelo conjunto da obra. 

Chico com seu livro "Essa Gente"

A cultura popular brasileira sempre foi uma forte referência para Buarque, até quando tratamos de seu esporte de preferência. Torcedor do Fluminense, sempre amou futebol. Antes de se consagrar, até tentou ser jogador no Juventus-SP. A carreira no mundo esportivo não deu tão certo, mas o futebol continuou em sua vida e até em suas canções, como em “Bom Tempo”, “O Futebol” e “E Se”.

Chico e Pelé

Outro forte elemento é sua relação com a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Em 1997, lançou o álbum "Chico Buarque de Mangueira", uma coleção de músicas interpretadas por ele e inspiradas em toda a atmosfera da verde e rosa. Com participações de Alcione, João Nogueira, Jamelão e outros artistas, o álbum mescla o estilo inconfundível de Chico e a energia vibrante da escola de samba. No ano seguinte, a escola apresentou um samba-enredo histórico em sua homenagem, alcançando o primeiro lugar no desfile.

Desfile da Mangueira

Atualmente, conta com aproximadamente 32 discos de carreira, tendo como último lançamento de inéditas, até então, o álbum “Caravanas” (2017).  

Sua voz não se limita aos palcos e às páginas, mas também aos corações daqueles que veem na sua arte uma expressão da cultura brasileira. Que sua obra continue inspirando e emocionando as gerações futuras!  

Chico Buarque, parabéns!
Confira a playlist exclusiva do tema do mês:
https://open.spotify.com/playlist/3fiqKbAuzjAZstRv9j9qmp


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