Supersônicas

Bola de Nieve por Fabiana Cozza

por Tárik de Souza

quinta, 14 de setembro de 2017

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Lançada na cena do samba de São Paulo como uma voz nova e eloqüente do gênero, em discos como “O samba é meu dom” (2004), “Quando o céu clarear” (2007) e no tributo “O canto sagrado – Homenagem a Clara Nunes” (2013), Fabiana Cozza dinamitou limites. No recém lançado “Ay amor” (Biscoito Fino), ela transpõe para o CD “O canto teatral para Bola de Nieve”, concebido pelo diretor Elias Andreato.

Com sua extensão vocal invejável, controle da emissão e capacidade de viver os personagens das letras, Fabiana nada de braçada no universo conturbado de paixões que moldou a carreira do pianista, cantor e compositor cubano Ignacio Jacinto Villa Fernández (1911-1971), apelidado Bola de Nieve, numa ironia racista à cor de sua pele e a seu corpo rotundo. Para completar sua marginalidade, era homossexual, num regime em que havia uma mal disfarçada repressão moralista.

Não por acaso, o estilo cabaretier de Bola rodou por palcos do México, Madri, Buenos Aires e Paris, daí a inclusão no repertório da inevitável “La vie em rose”, de Edith Piaf (com Louiguy) e do hino da santeria cubana, “Babalu” (Margarita Lecuona). Seu maior sucesso, o acalanto “Drume negrita” (Ernesto Negret), também revisitado, foi gravado no Brasil de Ângela Maria e Norma Bengell a Joyce Moreno, Emilio Santiago e Caetano Veloso, que escalou também “Vete de mi”, em seu álbum “Fina estampa”.

Outros destaques do repertório, sedimentado pelo suntuoso piano de Pepe Cisneros, cubano radicado em São Paulo, são “Devuèlveme mis besos”, “Alma mia” (ambas de Maria Grever), “Tatá cuñengue” (Eliseo Grenet) e as composições de Bola de Nieve, “Ay amor”, “No me comprendes” e “Canción de La barca”.

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