Supersônicas

A poética aguda de Paulo Carvalho em livro e disco

terça, 15 de maio de 2018

Compartilhar:

Psiquiatra, escritor e cantautor, o paulistano Paulo Carvalho lança disco e livro simultâneos por sua etiqueta Laranja Original. Chancelado por elogios de Adélia Prado, Moacyr Scliar e João Paulo Cuenca, o livro “Quintal” traz poemas escritos entre 1992 e 2013.

“Entre ternura em tons secos e humor trágico, o poeta alimenta-se do cânone modernista mineiro (Murilo Mendes, Drummond e a própria Adélia Prado) ao mesmo tempo em que o atualiza para o novo século, ao ter como ponto de observação a cidade de São Paulo, em 2018”, analisa Cuenca.

Produzido por Kassin, com densos arranjos de cordas de Arthur Verocai, “Carvão”, o disco, é o terceiro solo de Paulo, após “De longe” (2008) e “O amor é uma religião” (2012). Escoltado por uma banda de estirpe formada por Tim Bernardes, de O Terno (guitarra, violão), Stephane San Juan (bateria, percussão), André Lima (piano, teclados, co-autor da maioria das faixas) e o referido Kassin (baixo acústico), PC ainda alinhava participações especiais. Ana Claudia Lomelino, do Tono, a Mãeana, dueta com ele na terna bossa “Vamos saber” (“Vou confessar/ vale sofrer por alguém/ como na lei do amor:/ ninguém é rei”), a única costurada pela guitarra de Verocai. O músico Marcelo Jeneci, parceiro na faixa, é o convidado de “Qual o porque?” (“de alimentar um sonho/ enquanto ainda é dia/ de viver à espera do que já morreu”), enovelado em cordas.

Numa cadencia circular de valsa pop, “Área de cobertura” tem a co-autoria de Arnaldo Antunes (com André Lima) num clima de encontros/desencontros amorosos (“digito o seu nome/ e aí/ é sempre uma tortura/ aquela voz que diz/ tente outra vez porque ela está fora de cobertura”).

“Quando a convenção radiofônica aponta para bases eletrônicas minimalistas e o cool para a estética lo-fi de gravações caseiras, o disco conta com a participação de cerca de cinqüenta músicos, ressalta Cuenca.

Do pop rock sardônico de “O amor não é pra ser amado” (“perde a leveza/ toda sutileza/ aquela gentileza”), calafetado por orquestra e coro, ao sazonal “Mesmo lugar” (“chega o outono então/ levando a ilusão toda pro chão/ nossa indecisão/ criando um tapete pra estação”), de bela melodia desdobrada, Paulo Carvalho aposta no fio da navalha das relações afetivas. Que cortam e cintilam. 


Para assistir o clipe "O Amor Não É Pra Ser Amado":


Fonte da imagem: Fotografia de Verena Smit (Divulgação)


Comentários

Divulgue seu lançamento