Prosa & Samba

A arte e os Sambas de Djavan

quinta, 07 de julho de 2022

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"Obi, Obá
Que nem zen, czar
Shalon
Jerusalém, z'oiseau
Na relva rala, meu arerê
Tombara ali, alá
Logo além, nem lá
Logum, pra cá ninguém faraó
No ver da gente
O samba é pedra mór"
Trecho do samba Canção 'Obi'

A Arte
Djavan Caetano Viana, alagoano, cidadão maceioense, uma das mentes brilhantes que brotaram dessa açucarada terra. Construiu sua carreira sem jamais esquecer a sua fonte nascedoura, entre os cajueiros, coqueiros e jaqueiras que enobrecem seu solo, o sal-gema equilibra esta mistura, deixando agridoce a sua musicalidade.

Nascido em 27 de Janeiro de 1949, na Rua Teresa Cristina, 311, em uma casa humilde, o Filho da Sra.Virginia Viana aprendeu no cantar de sua sua mãe a leveza e a beleza do canto das lavadeiras na beira dos rios. Ali ele se encantou e navegou dentro da rica sinfonia que a simplicidade de cada senhora carregava. Esta singeleza despejada através da voz foi o elo de conexão que mais a frente traria resultados. 

A Definição da palavra Djavan é: “Célebre pelo Elmo”, de origem teutônica. em tradução livre, “aquele que é protetor ou que protege” 

Djavan jovem - Crédito: Site oficial do Djavan

Através da musicalidade de sua mãe, ele se acostumou a ouvir nomes como: Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Orlando Silva entre outros nomes que vinham ao seu encontro pelas ondas de rádio e claro mantendo suas raízes nordestina, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga que vinham ao seu contato através das ruas de Maceió. Aos 18 anos, o jovem Djavan é influenciado pelo rock dos The Beatles e cria a banda LSD (Luz, Som, Dimensão), mas o destino cria outros caminhos e outras ligações…

Djavan LSD - Acervo: Site oficial do Djavan

"Eu vou mudar de profissão
Eu vou ser cantor
Eu vou pro Rio de Janeiro
Num expresso brasileiro"

Trecho da Canção 'E Que Deus Ajude'

A cada nota de suas canções, fica evidente que toda essa bagagem cultural desembarcou na antiga capital federal, o Rio de Janeiro não foi apenas o berço, mas também a nascente deste rio em forma de cantor que deságua poesias que para muitos é complicado o entendimento, mas para outros é a oportunidade infinita de aprender com as diversas culturas deste imenso país. A nobreza em ouvi-lo é enriquecer o nosso dicionário popular.


Number one, 706, Ma Griffe, Bacará, Little Club e Bottle’s 
Nomes incomum para vocês leitores, mas importante para contar a trajetória da música brasileira, estes foram alguns dos palcos que existiram no famoso Beco das Garrafas e que muitos que se transformaram em sucesso, tiveram a honra de cantar.  Djavan desembarca no Rio de Janeiro em 1973, ainda sem conseguir notoriedade e espaço dentro do cenário musical, peleja e muito para que as portas possam se abrir.

O início como Crooner nas noites cariocas fora o cartão de entrada para que a sua voz ganhasse o mundo, foi o farol para o seu descobrimento e assim o descobriram.  Aquele menino de Maceió que aprendera sozinho a tocar violão através das cifras de revistas teria aos 23 anos a oportunidade de despejar todo seu talento. 

Graças a ajuda de seu conterrâneo, o radialista Edson Mauro e do Produtor e Radialista Adelzon Alves que vos apresenta ao produtor da gravadora Som Livre, João Mello.que ouve e se encanta com o talento do jovem, era o início de um novo horizonte. Djavan começa a gravar versões de músicas para Rede Globo e uma delas ganha grande destaque: Alegre Menina (Dori Caymmi & Jorge Amado)

Eis que em 1975, Djavan se inscreve no Festival Abertura da Tv Globo e pela primeira vez  tivemos a oportunidade de ouvir um dos primeiros sambas deste nobre artista, o samba “Fato Consumado” que foi gravado e disputado no Theatro Municipal em São Paulo. 



Ele ficou em segundo lugar, mas saiu vencedor, pois em 1976, foi lançado o álbum “A voz, o violão, a música de Djavan” produzido por Aloysio de Oliveira. 

A equipe:
• Altamiro Carrilho – flauta / flautim
• Marciso "Pena" Carvalho – coordenador gráfico
• Aloysio de Oliveira – produtor executivo
• Edson – teclados
• Edson Frederico – arranjos
• Helinho – guitarra
• Luizão – baixo
• Paulinho – bateria
• Luna, Hermes e Armando Marçal – ritmo
• Ariovaldo Contesini Paulinho – tambores
• Sergio Seabra – masterização
• Victor – mixagem

    Deste álbum em diante, o Brasil descobriu este gigante talento… Aqui você encontra toda a influência do Jazz que ele ouviu na infância, através das vozes femininas de Billie Holliday, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e da inventividade de John Coltrane e Mile Davis misturada com o Rock do LSD,  a riqueza do samba e do baião, e simplicidade em seu cantar, faixa a faixa nos encontramos com a particularidade infinita dentro deste que eu considero um álbum didático e que é um saboroso couvert, um material para ser ouvido repetidamente. Um ode sobre a boa música e claro que neste material que será dividido em duas partes, nada melhor do que ouvir um bom samba e começar a djavanear .

    Muito obrigado a todos vocês, compartilhem com todos e deixem abaixo qual samba do mestre não pode faltar em sua playlist.

    Abraços e Até a próxima!



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