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10 compositores essenciais da Época de Ouro

segunda, 04 de janeiro de 2021

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Entre os anos 1930 e 1945, como resultado do crescimento da indústria fonográfica e de todas as mudanças sociais e tecnológicas surgidas com a Era Vargas e a industrialização, o Brasil vivenciou um momento muito rico musicalmente, que ficou conhecido como Época de Ouro. Foi o tempo da consolidação do samba urbano como gênero brasileiro por excelência, do sucesso das marchinhas de carnaval e a ascensão e incorporação de muitos outros ritmos e estilos. 

Além, é claro, de ter sido um período responsável por revelar clássicos inesquecíveis do cancioneiro popular, consagrando artistas que até hoje ocupam lugar de destaque em nossa memória musical. 

Selecionamos aqui, dentre infinitas possibilidades, 10 compositores essenciais da Época de Ouro da música brasileira. Confira abaixo! 

1- Sinhô

Nascido e criado no Rio de Janeiro, Sinhô é considerado por pesquisadores como o “formatador” do samba urbano, ao criar um tipo de música que se situa entre o samba tradicional e a marchinha, direcionado aos festejos de carnaval, que logo se tornaram padrão de qualidade para as gerações seguintes. 

Compôs, por exemplo, alguns clássicos como “Gosto que me enrosco”, “Quem são eles?”, “Amar a uma só mulher” e “Jura”, que pelas novas gerações é conhecida através da gravação de Zeca Pagodinho


2- Ismael Silva

Assim como Sinhô, Ismael Silva foi um dos nomes que ajudou a criar o padrão de samba urbano na música popular brasileira. Um dos mais icônicos compositores do bairro do Estácio, foi também o criador da primeira escola de samba, a “Deixa Falar”. Com seu estilo percussivo, que predominou nos anos 1930, criou clássicos que até hoje ganham novas releituras e nunca perdem a força, como “Antonico” e “Se você jurar” (com Nilton Bastos). 


3- Assis Valente

Misturando suas angústias existenciais com uma boa dose de humor e um poder de observação crítica incomparável, Assis Valente criou, em seus sambas e marchinhas, uma crônica precisa dos costumes da sociedade carioca dos anos 1930 e 1940. Tornou-se um dos principais compositores do repertório de Carmen Miranda e criou sucessos como “Fez bobagem”, “Camisa listada”, “Brasil pandeiro”, "Uva de caminhão”, “Good bye, boy”, “E o mundo não se acabou”, além do clássico junino “Cai, cai balão” e do clássico natalino “Boas festas”. 


4- Braguinha

Mestre em sambas e marchinhas carnavalescas, Braguinha é autor de uma das mais significativas obras da produção popular no Brasil. Suas músicas atravessam gerações de intérpretes, com gravações dos cantores da Era do Rádio aos contemporâneos. É autor, por exemplo, de “Balancê”, “Touradas em Madrid”, “Yes! Nós temos bananas”, (todas com Alberto Ribeiro), “Carinhoso” (ao lado de Pixinguinha),  “A saudade mata a gente” (com Antônio Almeida), dentre outras. 


5- Ary Barroso 

Considerado um dos maiores compositores da música brasileira de todos os tempos, Ary Barroso criou uma obra que reúne sambas, marchinhas, foxes, samba-canção e outros gêneros. Além de sucessos como “É luxo só” (com Luís Peixoto), “Na Baixa do Sapateiro”, “Camisa amarela” e “Risque”, é o autor de um dos primeiros e o mais conhecido “samba-exaltação”, que marcou definitivamente os primeiros anos da Era Vargas: “Aquarela do Brasil”. 


6- Herivelto Martins

Com uma obra que varia sobretudo entre sambas carnavalescos e dramáticos sambas-canções, Herivelto Martins se tornou um dos nomes fundamentais da Era do Rádio no Brasil, ao fornecer canções emblemáticas para os mais diversos intérpretes. São exemplos: “Segredo” (com Marino Pinto), “Atiraste uma pedra” (com David Nasser) e “Ave Maria no Morro”. 


7- Geraldo Pereira

Surgido nos anos 1940, Geraldo Pereira marcou a história do samba com suas canções que tinham como marca registrada o uso do humor nas letras e o andamento sincopado. Criou clássicos como “Falsa baiana”, “Bolinha de papel”, “Escurinho” e “Acertei no milhar” (com Wilson Batista). Mesmo após sua morte precoce, em 1955, continuou sendo gravado por artistas das novas gerações, como é o caso de João Gilberto, Paulinho da Viola e Gilberto Gil


8- Noel Rosa 

Considerado um dos maiores criadores da música brasileira de todos os tempos, foi um dos grandes responsáveis pela assimilação do samba pelas classes mais abastadas. Criou um estilo de música que une elementos populares, como as letras marotas e bem humoradas, com uma grande sofisticação melódica, característica posteriormente perseguida por seu fã declarado, Chico Buarque

Em seu curto período, Noel não conseguiu ver seu nome ser coberto de glória, mas criou clássicos até hoje indispensáveis em qualquer discografia básica de música brasileira, como “Com que roupa?”, “Conversa de botequim”, "Feitio de oração” (ambas com Vadico), “São coisas nossas”, “Gago apaixonado”, “Palpite infeliz”, “Último desejo” e muitos outros. 


9- Lamartine Babo 

Especialista em marchinhas, Lamartine Babo foi um dos principais compositores de Carnaval entre as décadas de 1930 e 1940, criando um arsenal que até hoje mora no imaginário coletivo, como “O teu cabelo não nega” (com Raul e João Valença), “Linda morena”, “Joux joux e Balangandãs”, “Canção para inglês ver”, “Aí, hein” (com Paulo Valença), dentre outras. 


10- Dorival Caymmi 

Nascido na Bahia, Dorival Caymmi criou um estilo de composição inteiramente próprio, que inspirou tanto a Bossa Nova quanto a Tropicália. Trata-se de sambas e sambas-canções ao mesmo tempo muito simples e altamente sofisticados, com uma modernidade incomum para o período, em muitos casos inspirados pelo cenário das praias, ruas e personagens baianos. 

Alguns de seus maiores clássicos são “Maracangalha”, “Samba da minha terra”, “Rosa Morena”, “Nem eu”, “Saudade da Bahia”, “É doce morrer no mar” (com Jorge Amado), “Vatapá”, dentre outros. 


É possível citar ainda muitos outros nomes. Que outros artistas você adicionaria a essa lista? Não deixe de comentar com a gente! 

Texto por: Tito Guedes 

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