As Novas Famílias de Marina Lima chegam ao Circo
Por: Kadu Garcia
“Onde vocês estavam há dez anos atrás?”
Com esse grito emocionado o picadeiro de Marina Lima decolou do Circo. Uma viagem sensorial e afetiva pelas músicas que cantam o amor e seu fim, política e resistência, saudade e traição, solidão e coragem, desejo e revolta. E cantam muito o Rio, “eu sou daqui, porra!” disse ela alguma vezes com os braços e sorriso abertos, e suas letras se banham na cidade do hotel Marina. Assim como se arranham no cinza de São Paulo, cidade onde foi morar em 2010. O plano de voo da nave de Marina cruzou tempos e terras de sua carreira, e sua plateia, sem cinto de segurança, com os corpos empolgados, acompanhava cheia de saudade e admiração a paisagem sonora, em coro uníssono, feliz e amoroso.
Marina é acompanhada por uma tripulação nortista. A dupla Strobo, do Pará, e Dustan Gallas, do Ceará. Este encontro esquenta os decibéis de um Brasil que quando se mistura leva a música brasileira para conexões celestes nunca vistas. Marina se renova, reinventa sua obra, dialogando com o que há de mais atual. Seja quando faz de “Mesmo que seja eu”, de Erasmo Carlos, a sofrência da noite, chamando a plateia para dançar com ela na lona – momento inesquecível do show. Seja quando canta, com imagens de Marielle Franco no telão retangular centralizado no palco, “Ouça bem/ a vida existe pra nos libertar/ Sai do chão/ segue o comando sem moralizar”, letra de Mãe Gentil, música do novo álbum Novas Famílias, que dá nome ao show.
A viagem durou o tempo das alegrias, que duram mesmo depois que acabam. O show ainda reverbera, com a força de Marina Lima pousando o picadeiro de volta ao Circo nos fazendo cantar emocionados “se tudo caiu/que tudo caia/pois tudo raia/e o mundo pode ser seu".
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